A arquiteta Luciana Oliveira testemunhou o auge do rock de Brasília nos anos 1980. Por hábito, guardava de recordação cartazes de shows, pôsteres e recortes de jornais e revistas. Perfeitamente conservado, esse acervo poderia fazer parte de uma exposição ou de um museu permanente. A dona das recordações procura alguém que possa conservar o material e mostrar a história para as novas gerações.
Para explicar o acervo de Luciana, é preciso explicar a realidade dos fãs de rock na época. Como não havia redes sociais nem streamings de música, era preciso encontrar formas de conhecer pessoas que compartilhassem os mesmos gostos e até recomendassem novas bandas. Assim, os chamados fanzines – uma espécie de jornais produzidos por fãs – eram uma alternativa para quem queria se corresponder, por carta, com pessoas compatíveis.
Foi o que Luciana fez. Ela chegou a se corresponder com jovens de São Paulo e Rio Grande do Sul. A correspondência chegava, geralmente com cartazes e publicações feitas por aficionados pelo rock. “A gente até namorava com carta. Mandávamos fotos um para o outro e, quando alguma coisa chegava, o coração ia a mil”, relembra.
O trabalho de coleta começou quando Luciana estudava arquitetura no Ceub. Os cartazes de shows eram colados em murais de centros acadêmicos. O que chamou a atenção foi a estética colorida e chamativa da época.
A paixão pelo rock a fez juntar um material rico, que inclui cartazes do início da Legião Urbana e até uma matéria de jornal que menciona a banda como punk. A denominação pode até parecer estranha para quem não conhece a história da banda, mas era assim que eles se apresentavam no início da carreira.
A coleção inclui cartazes do Detrito Federal e da banda paulistana Ratos de Porão, ambas em plena atividade. Um dos flyers é de um show que incluiu Capital Inicial, Legião Urbana e Plebe Rude.
Destino
Embora enxergue os materiais com carinho, a arquiteta acredita que é possível dar uma destinação nobre para a coleção. Amigos chegaram a sugerir que ela vendesse o acervo, mas ela não acredita que esse seja o desfecho ideal. “Não sei o que vão fazer, se vão deixar encostado em um canto. Sinto que já está na hora de esse material ir para um lugar mais importante e para que outras pessoas tenham contato com o rock de Brasília nos anos 1980”, afirma. O sonho da colecionadora é ver o material se tornar parte de uma exposição temática.
Luciana se coloca à disposição para encontrar um novo dono para o acervo. Quem tiver ideias ou sugestões de destinação pode entrar em contato com ela no telefone 61 99693-5509.