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Cobre, Prata, Mirena ou Kyleena? Médica tira dúvidas sobre DIU

De acordo com dados do Google Trends, no Brasil, a busca por informações relacionadas ao método contraceptivo aumentaram 105% entre 2017 e 2022

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Desde a chegada da menarca, nós, mulheres, começamos a nos preocupar com algumas questões. No começo, a espera pela “visita” mensal gera ansiedade — “E se eu vazar?”. Que menina nunca passou por essa aflição? Depois, com o passar dos anos, a busca por um método contraceptivo também gera dúvidas, afinal, somos bombardeados com mitos e verdades diariamente. 

 

Segundo dados do Google Trends, no País, a busca por informações relacionadas ao DIU aumentaram 105% entre 2017 e 2022. Isso significa que as brasileiras estão se interessando mais pelo método contraceptivo, mas fica o alerta: não acredite em tudo que você lê por aí.

 

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Foto: Unsplash

 

Para entender melhor como os tipos de DIU funcionam e tirar algumas dúvidas sobre o assunto, o GPS conversou com Jéssica Othon, médica Ginecologista e Obstetra. Olha só:

 

Para começar, quais são os DIUs existentes e quais suas diferenças?

 

  • Cobre: “esse método não tem hormônio. A ação de evitar a gestação ocorre basicamente de forma inflamatória, então, os possíveis efeitos colaterais são aumento da cólica e do fluxo. Sua duração é de dez anos”;
  • Prata: “ele nada mais é do que um DIU de cobre combinado com prata. Com validade de cinco anos, foi criado para diminuir os efeitos colaterais do DIU de cobre, mas não há nenhum estudo científico que comprove essa ação”;
  • Mirena: “esse sistema intrauterino tem como mecanismo a liberação de progesterona. Ele é escolhido, principalmente, por mulheres que já sofrem naturalmente com cólica e com sangramento intenso. Com duração de cinco anos, entre os possíveis efeitos colaterais estão o aumento da oleosidade da pele”;
  • Kyleena: “conhecido como miniDIU, esse método tem menos hormônio do que o Mirena, mas sua duração também é de cinco anos e também pode aumentar a oleosidade da pele”. 

 

Toda mulher pode colocar o DIU? Tem alguma contraindicação?

 

“Os DIUs têm bem menos contraindicação do que outros métodos, mas existem. Eles não devem ser utilizados em gestantes, em casos de suspeita de inflamação no útero, suspeitas de câncer, se a paciente tem alguma deformidade no útero e, nos casos dos progestágenos, não podem ser colocados em casos de tumor que respondem ao hormônio”. 

 

Como é feita a inserção? Toda mulher sente muita dor? 

 

“A colocação pode ser feita no consultório ou em centro cirúrgico, com sedação. Neste caso, o anestesista estará presente e a paciente dorme por um breve período de tempo. Mas, normalmente, a inserção é feita em consultório, de forma tranquila. Em relação à dor, a paciente pode sentir uma cólica intensa, mas é difícil prever como será a resposta de cada paciente. O processo dura menos de cinco minutos”. 

 

É verdade que os DIUs aumentam espinha e peso? 

 

“Os hormonais, Mirena e Kyleena, podem sim aumentar a oleosidade da pele e o aparecimento de espinhas, principalmente nos primeiros seis meses de uso. Depois, a tendência é que isso vá se normalizando. Por outro lado, o ganho de peso não é comprovado cientificamente”. 

 

A médica ainda salienta: “o que pode acontecer também é, no caso de mulheres que tomam a pílula anticoncepcional que diminui a oleosidade, ao colocar o DIU de cobre, a pele pode ter uma piora”.

 

Quais são os cuidados pós-colocação? 

 

“Normalmente, a paciente fica bem logo após o procedimento, mas oriento que ela vá acompanhada, pois ela pode ter cólica e pode ficar mais fraca. Se ela sair do procedimento se sentindo bem, pode levar a vida normalmente, não precisa de nenhum cuidado especial. Recomendo o uso de um método contraceptivo secundário nos primeiros sete dias, pois, nesse período, há um risco maior de o DIU sair do lugar”.

 

 Qual é a diferença entre a pílula anticoncepcional e o DIU hormonal? 

 

“A pílula tem estrogênio e progestagênio. Já o DIU só tem o progestagênio. O anticoncepcional aumenta o risco cardiovascular e de trombose. Outra diferença é na absorção do hormônio. Quando você toma a progesterona via oral, ela se espalha pelo corpo inteiro e em uma quantidade muito maior”.

 

Qual é o melhor momento para fazer a inserção? 

 

“Para pacientes que tiveram uma gestação, a gente indica esperar seis semanas para colocar, porque a taxa de expulsão é menor depois desse tempo. Ou, ainda, colocar o DIU depois de dez minutos da retirada da placenta”. 

 

É verdade que o DIU sai fácil do lugar?

 

“Não, isso é mito. E, quando ele se desloca, a paciente sente uma cólica intensa e sangramento. É extremamente incomum ela não sentir nada quando isso acontece. Eu oriento que, se a paciente sentir algum sintoma estranho, venha no consultório e que a gente faça uma ecografia”.

 

É preciso fazer um acompanhamento depois da inserção? 

 

“O que eu indico é, nos primeiros sete dias, que utilizem um segundo método anticonceptivo. Depois dessa primeira semana, fazemos uma ecografia para avaliar se ele está no lugar certo. Após esse período, só oriento que ela vá ao encontro anual com a médica para ver como está o DIU”.