Será que o futuro está na mão das máquinas? Bom, essa resposta ainda não existe, mas, ultimamente, estamos vendo cada vez mais o poder tecnológico da Inteligência Artificial – IA. Máquinas que podem conversar, escrever, criar e prever o futuro.
Parece enredo de ficção científica, mas temos testemunhado os avanços da IA e os seus impactos em nossas vidas. Essa tecnologia também entrou em um território considerado genuinamente humano: a arte. Christus Nóbrega é o nome do artista que promete movimentar o Brasília Shopping com a exposição Brasília, Enfim. Inédita no Brasil, ela fica em exibição até o dia 30 de abril, na Praça Central, e é gratuita.
Em Brasília, Enfim, Christus reconstrói com Inteligência Artificial imagens de Brasília que sonhava na infância, antes de conhecê-la. Uma cidade imaginária e outra real se contrapõem e conduzem o público a uma experiência original sobre a capital. Além da mostra, fazem parte do projeto outras ações culturais: uma série de intervenções.
“Venho trabalhando ao longo de um ano nesse projeto artístico, que é recontar as histórias sobre a Capital Federal contadas por minha mãe para uma Inteligência Artificial recriar a cidade que outrora eu também imaginava, mantendo vivo o legado da contação de história de geração para geração. Além de homenagear Brasília, que me acolheu tão bem, a exposição também honra duas mulheres inspiradoras e vanguardistas: minha mãe, Iara, que me apresentou à cidade, na década de 80, e minha irmã Germana, que me apresentou às ‘máquinas pensantes’, na década de 90”, conta Christus.
“Brasília foi um projeto extremamente vanguardista e ambicioso, apontando para um futuro inventivo. Durante sua construção, ensinou o Brasil a sonhar. Essa exposição tenta resgatar um pouco desse espirito de imaginação por trás da audaciosa tentativa de conceber uma cidade do zero. Minha intenção é que o visitante sinta a vertiginosa sensação de entrar em uma tesourinha pela primeira vez”, comenta o artista.
Sobre Christus
Christus Nóbrega, nascido em 28 de novembro de 1976, é natural de João Pessoa (PB), mas mora em Brasília desde 2005. É Doutor e Mestre em Arte Contemporânea pela Universidade de Brasília, onde atua como professor na graduação e pós-graduação em artes.
O artista explica que sempre esteve em um ambiente muito propício para criação.“Meus pais sempre me apoiaram no meu caminho profissional. Minha mãe era Pedagoga Universitária e dava aula na disciplina de Artes na Educação. Sempre fui estimulado com materiais e cursos. Fui incentivado também pelo meu pai, pois ele era da marcenaria e por isso tive acesso livre a ferramentas. O incentivo à criatividade era uma realidade na minha casa”.
Premiado em lugares renomados, ganhou o primeiro lugar na honraria do Museu da Casa Brasileira. Ainda, foi indicado ao Prêmio PIPA em 2017 e 2019, uma das principais premiações de arte contemporânea do Brasil.
Christus leciona e orienta nos cursos de Pós-Graduação em Artes da mesma instituição. Ele vem participando regularmente de exposições nacionais e internacionais e, recentemente, realizou mostras individuais no Centro Cultural do Banco do Brasil (2017/2018) e na Bienal de Curitiba (2018).
Em conversa com o GPS, o artista conta que começou a trabalhar ainda na faculdade.“Meu primeiro trabalho no universo da arte foi como bolsista da universidade, pesquisador. Eu fui consultor em alguns setores: Sebrae e Governo da Paraíba. Eu estudava o patrimônio cultural, material, potencialidades como artesanato e da manufatura. Fazia também trabalho junto a comunidades para continuar e propagar a cultura para chegar ao mercado como forma de incentivo aos artesãos”.
Ele também possui obras em acervos e coleções privadas e institucionais, a exemplo da Fondation Cartier (Paris), CAFA (Pequim), Embaixada do Brasil na China e Austrália, Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro), Museu Nacional (Brasília), entre outros.
Para entender melhor como funciona a inspiração e a rotina de trabalho, ele explicou como é o seu dia a dia. “Para mim, a arte é um trabalho como qualquer outro. Eu possuo uma rotina de ir todos os dias para o ateliê, de 8h até 12h e de 14 as 18h. Lá é meu escritório. Parte do meu trabalho acadêmico é feito lá. Estudos, preparação de aulas, orientação de alunos da pós graduação. Como artista, temos uma parte criativa, mas há também a executiva. Precisamos administrar áreas como produção, logística de exposição, obras e embalagens. Muita gente às vezes romantiza o ateliê, ou um artista isolado, que precisa de um processo de inspiração para sobreviver. Porém eu acredito que a arte tamém é um ofício. Estar lá fisicamente me ajuda a me conectar com meu trabalho”.
Em 2015, ele, que já publicou livros e artigos científicos na área de artes, arte e educação, representou o Brasil na China pelo Programa de Residência Artística do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Em 2019, pelo mesmo programa, representou o Brasil na Austrália que resultou em exposições individuais no país e atual projeto de pesquisa internacional com a Australian National University.
Serviço
Exposição Brasília, Enfim
Data: de 14 a 30 de abril
Horário: das 10h às 22h
Ingressos: Gratuito
Local: Praça Central do Brasília Shopping