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Centrão cresce o olho na Embratur do PT

Na cobiça por espaço, grupo político age para garantir, além do Ministério do Turismo, a indicação de cargos na empresa que promove o Brasil no exterior

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A briga do Centrão para ocupar espaços no governo Lula vai muito além do Ministério do Turismo. Na fatura cobrada, o grupo também quer a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), que hoje é comandada pelo ex-deputado Marcelo Freixo (PT), um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Rio.

 

Por exigência do União Brasil, a saída da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, está praticamente definida. Lula ainda terá uma conversa nesta semana com o prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro, conhecido como Waguinho, para acertar “compensações” pela dispensa de Daniela, que podem incluir indicações para a chefia da Embratur. Mas o União Brasil já considera a Embratur como uma “extensão” do ministério.

 

Waguinho é marido de Daniela e, após rota de colisão com o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), deixou o partido e se filiou ao Republicanos, assumindo o comando da legenda no Rio. Daniela e outros cinco deputados fluminenses entraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se desfiliar do União Brasil sem perder o mandato, sob o argumento de assédio político. Embora a decisão judicial ainda não tenha saído, a ministra também já negocia a filiação ao Republicanos.

 

O nome cotado para substituir Daniela no Ministério do Turismo é o do deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Evangélico, Sabino foi eleito pelo PSDB em 2018, mas deixou a legenda após se alinhar ao governo Bolsonaro e defender o apoio do partido a Lira em vez de Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara.

 

Nos bastidores, Lira tem dito que não indicou Sabino, mas, sim, pediu para o Planalto resolver o problema da articulação política e conquistar apoio para formar uma base sólida no Congresso. O União Brasil tem três ministérios (Turismo, Comunicações e Integração), mas já ajudou a derrotar o governo em votações na Câmara, como a do Marco do Saneamento.

 

O que o PP de Lira quer mesmo é o Ministério da Saúde, dono de orçamento de R$ 188,3 bilhões. A pasta é dirigida por Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz e sem filiação partidária. Assim como Daniela, Nísia é vista como nome da “cota de Lula” na equipe.

 

O grupo de Sabino deseja mais do que o Turismo, que tem orçamento considerado baixo, com despesas previstas de R$ 2,15 bilhões neste ano, segundo o Portal da Transparência. É por isso que a disputa agora é pela Embratur. A agência está nas mãos de Freixo, que em janeiro se filiou novamente ao PT, após ficar 15 anos no PSOL e passagem de um ano pelo PSB, partido pelo qual disputou o governo do Rio, no ano passado.

 

A Embratur também carece de recursos, mas possui muitos cargos. Recentemente, após Lula vetar trecho de Medida Provisória aprovada pelo Congresso que repassava verba do Sistema S à Embratur, houve acordo para que Sesc e Senac destinassem anualmente R$ 100 milhões para a promoção do turismo.

 

O Planalto avalia oferecer a Embratur para que a dupla Waguinho-Daniela faça indicações ali, na cota do Republicanos. Mas o União Brasil não aceita e quer o órgão federal no pacote do partido. Além disso, para uma ala do Republicanos apoiar o governo a dança das cadeiras terá de ser muito maior. O partido, que tem ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus, está de olho no Ministério da Integração, hoje com Waldez Góes.

 

Ex-governador do Amapá, Góes entrou na equipe de Lula na cota do União Brasil, embora fosse do PDT, sigla da qual se licenciou. O “problema” é que o padrinho de Góes é o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Alcolumbre marcou para 21 de junho a sabatina de Cristiano Zanin para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. O governo não quer nenhum atrito com Alcolumbre