O 2º Censo da População em Situação de Rua do Distrito Federal, divulgado nesta terça-feira (29) no Palácio do Buriti, apontou que 3.521 pessoas vivem atualmente nas ruas da Capital Federal. O número representa um aumento de 19,4% em relação ao censo anterior, realizado em 2022. Apesar do crescimento, o índice é inferior ao registrado em outras capitais brasileiras, como Salvador (147%) e Fortaleza (54,3%).
A pesquisa é conduzida pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF).Na semana passada, durante entrevista exclusiva ao portal GPS Brasília, o governador Ibaneis Rocha já havia comentado sobre esse aumento, frisando que é um dos menores crescimentos em todo o País.
“Brasília é uma das cidades que menos cresceu a população de moradores de rua depois da pandemia. Nós fomos o único estado da federação que conseguimos apresentar ao Ministério Público um programa completo de acolhimento dessas famílias porque não se pode simplesmente chegar e tirá-los da rua. Você servir eles com diversos serviços do governo para fazer o acolhimento devido”, explicou.
Ibaneis disse ainda que o governo está na fase de contratação de pessoas para realizar o trabalho de acolhimento noturno. “Primeiro queremos fazer um trabalho no período noturno de dar um banho dar, uma alimentação, temos que dar condição a eles. Nós acreditamos que dá para encerrar esse ciclo desde q tenha um atendimento completo a essas pessoas”, concluiu.
Sobre o censo
Realizado a cada dois anos, conforme decreto, o censo tem como principal finalidade orientar a formulação de políticas públicas eficazes para a população em situação de rua. Além da contagem da população, o levantamento traz informações detalhadas sobre o perfil socioeconômico dos entrevistados.
Confira os dados do 2º Censo:
- 82% da população em situação de rua no DF é composta por homens;
- 81% são negros ou pardos;
- 84% são solteiros;
- A faixa etária mais comum está entre 31 e 49 anos;
- 63% dos entrevistados nasceram fora do DF, com maior presença de migrantes vindos da Bahia, Goiás, Minas Gerais e Maranhão;
- 95% frequentou a escola em algum momento da vida;
Um dado que chama atenção positivamente é a redução significativa de crianças e adolescentes vivendo nas ruas. Em 2022, o número era de 121, e o novo levantamento aponta uma queda de 59% nesse grupo — embora o relatório não tenha detalhado o número absoluto atual. O resultado sugere avanços em ações voltadas à proteção da infância e juventude em situação de vulnerabilidade.
Por outro lado, o censo revela que 28% dos entrevistados estão em situação de rua há dez anos ou mais, o que demonstra a persistência de trajetórias crônicas de exclusão social, ainda que esse índice tenha apresentado leve queda em relação à edição anterior.