CAU 2025 celebra arquitetura, inovação e impacto social em Brasília

Evento internacional promoveu debates sobre inovação e inclusão social no setor arquitetônico

Entre diálogos inspiradores e projetos que transformam cidades, a Conferência Internacional CAU 2025 reuniu, de 4 a 6 de setembro, mais de 4 mil profissionais de 20 países, com 120 palestrantes nacionais e internacionais. Durante três dias, arquitetos e urbanistas discutiram temas urgentes como mobilidade, habitação, acessibilidade, mudanças climáticas, inovação tecnológica e preservação do patrimônio cultural.

O evento também destacou a força do design e da cenografia, com o trabalho de Rick Hudson, o mobiliário fornecido pela ADEPRO-DF e a ambientação do podcast realizada pelas arquitetas Angela e Maria Carolina Feitoza, com apoio da Trisoft e Paper House. O último dia da Conferência reuniu uma série de palestrantes que trouxeram reflexões profundas sobre arquitetura, urbanismo e inovação social.

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Espaço de podcast

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Quadro Celso Junior

Entre os destaques esteve o arquiteto e urbanista Eduardo Ronchetti, que emocionou ao provocar uma reflexão com uma pergunta desafiadora: “Você está preparado para mudar o seu olhar nos próximos 30 minutos?”. No encontro, intitulado Acessibilidade, ele desconstruiu a ideia de que inclusão se resume a um conjunto de normas rígidas, defendendo que é justamente nesse detalhamento que reside o diferencial da arquitetura brasileira, considerada referência mundial.

Para Ronchetti, a deficiência não está na pessoa, mas nas barreiras físicas ou de atitude que limitam sua participação plena na sociedade, como já estabelece a ONU. Ao longo da apresentação, o arquiteto reforçou que o papel dos profissionais de arquitetura e urbanismo vai muito além de atender exigências legais ou de projetar para uma minoria.

Ele lembrou que, no Brasil, pessoas com deficiência ou idosas somam cerca de 52 milhões, número equivalente à população total da Espanha. “A acessibilidade deixou de ser opcional e você foi chamado para liderar essa transformação com propósito, técnica e decisão”, concluiu, convocando os colegas a assumirem protagonismo na construção de espaços mais inclusivos.

Já o arquiteto mexicano Jorge Arditti, diretor-adjunto do American Institute of Architects (AIA) International e presidente da Seção AIA América Latina, apresentou o projeto do Museo Memoria y Tolerancia, na Cidade do México. A obra, criada por ele e seus filhos, combina arquitetura, memória e educação para provocar reflexão sobre genocídios reconhecidos pela ONU e sobre a importância da tolerância. “O próprio título do museu já diz tudo: memória e tolerância”, afirmou Arditti, destacando como a arquitetura pode transmitir mensagens educativas e sociais.

A arquiteta e urbanista Vivian Maurer Bortolotto, servidora do FNDE, apresentou os avanços e desafios da implantação do BIM – Building Information Modeling na infraestrutura educacional brasileira. A iniciativa visa padronizar projetos de escolas públicas em todo o País, elevando a qualidade, segurança e sustentabilidade das construções. Segundo Vivian, a ferramenta permite criar projetos digitais adaptados a diferentes realidades regionais, oferecendo suporte técnico a municípios sem equipes especializadas e garantindo manuais, acompanhamento de obras e visualização em 3D.

A arquiteta e urbanista Michelle Beatrice Fernandes (Mica) trouxe uma reflexão sobre a arquitetura de feiras temporárias, um campo ainda pouco explorado. Segundo Mica, projetar esses espaços vai muito além de criar estandes, comparando-os a pequenas cidades temporárias que exigem planejamento de infraestrutura, circulação, acessibilidade, conforto térmico, iluminação e conectividade digital. Ela destacou que, apesar da duração efêmera, esses locais permanecem na memória do público, proporcionando encontros e experiências coletivas marcantes.

A professora Gabriela Tenório, da UnB, criticou a pouca flexibilidade nos cursos de arquitetura e urbanismo, apontando excesso de disciplinas obrigatórias e impacto na saúde mental dos estudantes. Coordenadora de reformas curriculares na universidade, Gabriela defendeu uma revisão profunda, afirmando que o currículo continua denso mesmo com novas diretrizes, e que mudanças são muitas vezes barradas pela resistência institucional.

A arquiteta Nathália Ferreira Bussioli encerrou a Conferência com uma apresentação emocionante de seu projeto premiado internacionalmente. Natural de Monte Mor (SP), ela venceu o Concurso Internacional UK Great Architecture, da Embaixada Britânica, com uma proposta sustentável e socialmente relevante com um espaço de contenção e contemplação em bambu e concreto, pensado para integrar a comunidade e valorizar a identidade cultural local, em uma região frequentemente afetada por enchentes.

Panorama geral da Conferência do CAU 2025

A abertura da Conferência foi conduzida pela presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Patrícia Sarquis Herden. Na conferência magna, o arquiteto chinês Kongjian Yu apresentou o conceito de cidades esponja, que propõe soluções para enfrentar mudanças climáticas e impactos urbanos.

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Patrícia, presidente do CAU

Entre os debates, destacaram-se o painel Direito de ir e vir: Mobilidade Urbana e Acessibilidade, que contou com a participação de representantes do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP) e de especialistas internacionais. Foram abordados dados do Censo 2022 do IBGE sobre pessoas com deficiência, desafios de acessibilidade e experiências em cidades como Cidade do México e Bordeaux.

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Homenagem a João Honório

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Encerramento Conferência

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Banda Bauhaus

A programação também trouxe o painel 65 anos de Brasília, com Flavio Carsalade, Carlos Andrade e Andrey Schlee, além da mesa sobre retrofit, que reuniu Miguel Saraiva, Marcelo Falcão, Adriana Levisky, Gustavo Garrido e José Carlos Martins. Outros temas incluíram justiça ambiental, povos originários, direito à cidade para pessoas LGBTQIAPN+ e inovação em projetos habitacionais.

Segundo a presidente do CAU/BR, Patrícia Sarquis Herden, a conferência preenche uma lacuna do setor em grandes encontros de arquitetura e urbanismo e deve se tornar itinerante. “Eventos como este somam experiências, reúnem profissionais de diferentes regiões do Brasil e do mundo e trazem novos olhares para a prática da arquitetura e do urbanismo”, afirmou.

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Edição 42

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