Débora Oliveira Em uma tarde dedicada à reflexão estética e à valorização da cultura, o Casapark Prime promoveu um bate-papo com o curador Divino Sobral, reunindo cerca de cinquenta convidados no espaço Cerrado Cultura. A arte, o design, a arquitetura e a identidade urbana de Brasília foram os temas abordados no encontro que teve ainda a participação do designer Fernando Mendes, à frente da Fundação Sérgio Rodrigues, e mediação de Carlos Alberto Oliveira, da Hill House.
A conversa teve como ponto de partida a apresentação da Poltrona Carmel, criada por Sérgio Rodrigues em 1966 para o mercado internacional e vendida em sua loja OCA na Califórnia, nos Estados Unidos. Influenciada pela bossa nova e cinema novo, a peça em questão simboliza a força do design brasileiro em uma fase de grande efervescência cultural brasileira.
A reedição da Carmel marca o início das comemorações do nascimento de Sérgio Rodrigues, que completaria cem anos em 2027. “Ele sempre partia do desenho, seja de um objeto, seja de uma pessoa, como das caricaturas que ele fazia dos amigos, seja de um animal”, afirmou Fernando Mendes, que conviveu com Sérgio Rodrigues por trinta anos até sua morte, em 2014.
Poltrona Carmel, de Sérgio Rodrigues
Sérgio Rodrigues trouxe para o mobiliário brasileiro uma nova forma de expressão cultural, muito de acordo com o seu tempo. “Ele incorpora à sua produção o humor, a fartura e o exagero, muito evidentes nas poltronas Mole e Chifruda. Isso reflete o gosto pela boa mesa, a boa conversa, que fazem parte da cultura brasileira”, completa Fernando.
Questionado sobre a produção artística no Centro-Oeste e seu reconhecimento nacional e mundial, Divino Sobral falou sobre a relação dos temas eleitos para a conversa como elementos inseparáveis para o desenvolvimento da cena contemporânea na região. “Houve uma mudança na forma como nos vemos”, afirmou o profissional.
Ao fazer uma análise sobre o modelo da história da arte ocidental, Sobral observa que a arquitetura tem um papel fundamental, sendo responsável por abrigar diversas expressões artísticas no contexto do projeto moderno que construiu Brasília. Associada a esse urbanismo está a arquitetura monumental de Oscar Niemeyer.
Jeanine Daher
“Junto a isso, como uma cidade moderna, como uma cidade de utopia social, de utopia das formas, a gente tem junto o mobiliário, o design, construções dentro de um desenho de cidade obra-de-arte, com edifícios que são também obras de arte. Tudo o que está dentro de seu interior é obra de arte se pensarmos num edifício magnífico como o Palácio do Itamaraty”, ressalta o curador.
