Juliana Eichler A 78ª edição do Festival de Cannes chegou ao fim nesse sábado (24) com a cerimônia de entrega da Palma de Ouro, o principal prêmio do evento, que movimentou a icônica avenida Croisette, e também as redes sociais. Discursos e homenagens emocionantes, aclamações a produções brasileiras e até mesmo um inesperado apagão marcaram o evento, que segue como um dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo.
No dia 13 de maio, o festival teve início com uma prestigiada cerimônia de abertura, que contou com a exibição do filme francês Partir Un Jour, de Amélie Bonnin, e com uma apresentação da cantora Mylène Farmer, que interpretou a canção inédita Confession em homenagem ao cineasta David Lynch, que morreu em janeiro de 2025.
Durante o evento, que durou 12 dias, dois ícones do cinema foram homenageados com a Palma de Ouro Honorária: Robert De Niro, que celebra sessenta anos de carreira, e Denzel Washington, surpreendido com o prêmio antes da estreia mundial de seu novo longa, Highest 2 Lowest, dirigido por Spike Lee.
Ver essa foto no Instagram
Ver essa foto no Instagram
Outro momento marcante do festival foi a assinatura por mais de 350 artistas de uma carta aberta em repúdio ao ataque aéreo que matou a fotojornalista palestina Fatima Hassouna em Gaza no dia 16 de abril.
Nomes como Pedro Almodóvar, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Costa-Gavras, Richard Gere, Susan Sarandon, Jude Law, Mark Ruffalo, David Cronenberg, Mike Leigh e Xavier Dolan questionaram o silêncio da indústria cinematográfica quanto ao caso: “Nós, artistas e atores e atrizes da cultura, não podemos ficar em silêncio quando está acontecendo um genocídio em Gaza. Por que este silêncio? Esta passividade nos envergonha”, afirma o texto.
Fatima Hassouna | Foto: reprodução/Instagramn
Nesta edição, novas regras de vestimenta foram impostas para o tapete vermelho, como a proibição de transparência em looks femininos e peças muito volumosas que atrapalhassem a circulação na passarela. Mesmo com as restrições, a equipe brasileira presente no festival não se deixou abalar e fez uma grande festa ao chegar no, com uma verdadeira apresentação de frevo.
A performance foi realizada durante a exibição do filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, que é pernambucano, e serviu como um gesto de valorização da cultura popular brasileira em um dos palcos mais visíveis do cinema mundial. Surpreendendo a todos, a cena arrancou aplausos do público e foi amplamente compartilhada nas plataformas digitais.
Ver essa foto no Instagram
Já o encerramento, no sábado (24), foi marcado por um apagão que atingiu parte da cidade. As exibições de filmes que ocorreriam durante a manhã precisaram ser canceladas, e a organização atribuiu o evento a um possível ato de sabotagem. A energia foi restabelecida a tempo da cerimônia de premiação, que ocorreu normalmente.
Em um dos momentos mais aguardados da temporada, o cineasta iraniano Jafar Panahi subiu ao palco para receber o principal prêmio do festival, a Palma de Ouro, por seu filme It Was Just an Accident. O longa é um thriller político que foi filmado clandestinamente no Irã. Conhecido por desafiar o regime de seu país, Panahi compareceu à cerimônia e fez um discurso comovente em defesa da liberdade de expressão.
O Brasil também brilhou em Cannes com o filme O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, que conquistou o prêmio de Melhor Direção. A trama aborda os bastidores da repressão militar brasileira nos anos 1980 e foi eleito como Melhor Filme pelo júri de crítica da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci). O ator Wagner Moura também foi premiado por sua atuação como protagonista no longa, em uma performance elogiada internacionalmente.
O filme recebeu a segunda maior rodada de aplausos da edição após sua estreia no festival, sendo ovacionado por 13 minutos. Porém, foi superado por A Sentimental Value, de Joachim Trier, que foi aplaudido por 19 minutos.
Ver essa foto no Instagram
E o prêmio mais fofo do festival, o Palm Dog, foi concedido ao cão Panda, que encantou o público com sua atuação no filme britânico The Love That Remains, do diretor islandês Hlynur Pálmason. A cadela, que é um pastor irlandês, recebeu seu “troféu”, um lenço vermelho escrito “Palm Dog 2025”, e foi ovacionada.
