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Caminhos cruzados

Estreitar laços comerciais. Osmar Chohfi, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, diz que há uma janela de oportunidades para empreendedores brasileiros

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A barreira de linguagem e cultura é baixa o suficiente para qualquer um atravessar e ser abraçado pela beleza e possibilidades do Golfo Pérsico. A **Copa do Mundo** do **Catar**, entre 21 de novembro e 18 de dezembro de 2022, a primeira em um país muçulmano, deve escancarar as portas da nação e de todo o **Oriente Médio** para o turismo brasileiro e, por que não, global.

O presidente da **Câmara de Comércio Árabe-Brasileira**, **Osmar Chohfi**, acredita que, além das oportunidades turísticas, o evento internacional deve estreitar laços comerciais entre país-sede e potenciais parceiros. Conforme dados da entidade, nos primeiros seis meses de 2022, o Brasil importou do Catar o equivalente a **R$ 623 milhões** em produtos diversos, deixando o país da Copa em sexto lugar no ranking desse tipo de comércio dentre as 26 nações árabes do planeta.

_”É um país pequeno, mas que dispõe de muitos recursos e que procura se projetar não apenas na área econômica. Eles têm investimentos em ciência e tecnologia e na área de startups. Há uma capacidade de participação boa na vida geral do mundo árabe e uma relação significativa com o Brasil”_, resume Chohfi.

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Ele afirma que as idas e vindas de brasileiros na região do Golfo cresceram bastante nos últimos anos e existe um fluxo regular para os países que compõem o chamado mundo árabe. Cidades como **Dubai**, nos Emirados Árabes Unidos, integram os destinos mais bem avaliados e procurados tanto para lazer quanto para trabalho. Existem vistos de curto e longo termo que oferecem permanência a estudantes de três meses a um ano e modalidades de vistos de trabalho que envolvem também programas de intercâmbio.

_”O Catar é uma oportunidade de o Brasil participar da Copa como equipe, mas também de os brasileiros participarem dos eventos paralelos. Projetamos trilhar um espaço, como em outros mundiais, para nos apresentar não apenas ao Catar, mas ao público mundial entre várias atrações culturais e turísticas”_, defende.

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Chohfi afirma que manchetes sensacionalistas sobre costumes cataris que soam estranhos aos brasileiros, como a restrição de bebidas alcoólicas em público, ajudam a formar ideias preconcebidas. _”É preciso respeito pelas tradições e cultura local, mas essas notícias exageram um pouco nessa ideia de choque cultural. São costumes distintos, mas os brasileiros que vão para qualquer lugar do mundo têm que ser contidos e exercer a capacidade de não agredir, mesmo que involuntariamente, determinados padrões de comportamento. A Copa vai deixar como legado um melhor conhecimento do Catar e da cultura árabe tradicional”_, opina.

Conforme o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, os países do Oriente Médio têm gradualmente se aberto para o restante do planeta nas últimas décadas, com a realização de eventos globais. Em 2022 será a Copa, mas nos últimos anos já houve etapas do **Mundial de Fórmula 1** no Barém e na Arábia Saudita e edições da Copa do Mundo de Clubes da Fifa em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, dentre outros.

Ele também acredita que o torneio no Catar vai mostrar a diversos turistas o potencial de exploração de toda a região. Segundo o presidente, devido às distâncias curtas entre vários países, é possível, por exemplo, hospedar-se em um hotel fora do país e cruzar a fronteira apenas em ocasiões específicas. _”Há voos diretos para aquela região e um voo direto para o Catar a partir de São Paulo. A companhia Emirates opera regularmente para Dubai e a região toda é muito conectada. Se a pessoa não conseguir hotel em Doha, pode ficar até em outro país. Como as distâncias são curtas, é possível se hospedar em um país vizinho e ir para compromissos esportivos”_, explica.

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Na visão de Chohfi, a abertura dos países árabes aconteceu com maior intensidade devido ao **desenvolvimento acelerado** da economia do petróleo nas últimas décadas. A Arábia Saudita possui a maior reserva desse recurso natural do mundo e Kuait, Emirados, Líbia, Catar e Argélia todos integram o top 20 mundial.

Esse movimento tende a ser irreversível e pode gerar **janelas de oportunidades** para turistas, trabalhadores e empreendedores brasileiros que buscam novos ares e possibilidades comerciais.

@camaraarabebrasileira
www.ccab.org.br

**_Matéria por Eric Zambon publicada originalmente na revista GPS 34_**