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Caio Bonfim: em marcha rumo às Olimpíadas de Paris 2024

O brasiliense é o maior atleta brasileiro da modalidade e busca sua primeira medalha olímpica
Caio Bonfim (Reprodução/Instagram)

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No cenário do atletismo nacional, Caio Bonfim é uma das referências. Ele é o maior atleta brasileiro da modalidade Marcha Atlética. Com um currículo repleto de conquistas e recordes, o atleta de Sobradinho, Distrito Federal, se prepara para sua quarta Olimpíada, com o objetivo de deixar sua marca em Paris 2024.

Caio Bonfim, de 32 anos, é detentor do recorde brasileiro da modalidade, tendo sido coroado campeão sul-americano e garantido uma medalha de bronze nos 20 km da marcha no Mundial de Budapeste, Hungria, em 2023 – a única medalha do atletismo brasileiro na competição. 

Em uma entrevista exclusiva concedida ao GPS, Caio compartilhou detalhes de sua preparação para os Jogos Olímpicos de Paris. O atleta destacou sua conquista do índice olímpico durante uma prova realizada em Varsóvia, Polônia, em abril do ano passado. Ele venceu os 20 km em 1h19min43seg, abaixo do tempo exigido pela World Athletics para o índice olímpico. 

Caio Bonfim foi medalha de prata na marcha atlética dos Jogos Pan-americanos de Santiago-2023 (Reprodução/Instagram)

No entanto, mesmo com o índice garantido, Caio aguarda ansioso a convocação oficial da seleção brasileira de atletismo, prevista para julho. 

“O País pode levar até três atletas, e outros podem fazer o índice também, então nesse caso, ficaria a cargo da seleção convocar os representantes, mas até o momento só tem eu, e minha marca é muito forte, então é muito difícil ficar fora, mas a convocação oficial sai em julho”, explica Caio.

Paixão de família 

Apesar da marcha atlética não ser uma modalidade popular no Brasil, para Caio Bonfim, essa sempre foi uma paixão familiar. Ele atribui parte de seu sucesso à sua família, pilares fundamentais em sua jornada esportiva.

O pai do atleta, João Sena, era professor de Educação Física, e um grande entusiasta do atletismo. Ele chegou a dar aula em uma escola, e montou uma turma para os melhores da modalidade. Foi nessa situação, que conheceu Gianetti Bonfim, que de aluna virou sua esposa. 

Caio Bonfim e sua mãe e treinadora, Gianetti Bonfim (Reprodução/Instagram)

“Nessa turma meu pai e uma aluna se apaixonaram, casaram e eu sou filho desse amor. Minha mãe se destacou na marcha atlética, fazendo aula com meu pai, e teve uma carreira importante na modalidade. A Marcha Atlética sempre foi natural na minha família”, conta Caio.

Gianetti Bonfim foi campeã de sete títulos do Troféu Brasil e oito da Copa do Brasil de Marcha.

Apoio

Para conseguir os excelentes resultados, Caio Bonfim conta com uma rede de apoio. Na parte de treinamento, o atleta diz que 90% da preparação olímpica é a mesma que nos outros anos, e que sempre existe uma preparação para cada campeonato. Em média, ela faz de 30 a 35 km por dia nos treinos. 

“Todos os anos temos campeonatos, então se faz uma preparação parecida, mas para os Jogos Olímpicos, o preparo mesmo é a longo prazo, para Paris, eu comecei antes mesmo de participar de Tóquio 2020. Na Olimpíada não podemos errar, então se passa todo o ciclo corrigindo os problemas”, explica Caio. 

Em relação a apoio para melhora de rendimento, o atleta consegue ter acesso a academia, personal, fisioterapeuta e nutricionista, que o auxiliam na sua preparação sem cobrar pelos serviços. “Eu acho super legal e importante esse apoio desses profissionais, e considero um patrocínio, já que não preciso pagar”, frisa. 

Medalha de bronze na prova de 20km da marcha atlética do Campeonato Mundial de atletismo, em Budapeste, na Hungria, em 2023. Ele alcançou a marca de 1h17min47s e bateu o recorde brasileiro da prova (Wagner do Carmo/CBAt/Reprodução Instagram)

Para apoio financeiro o atleta faz parte do programa Bolsa Atleta, do Governo Federal. Ele está na categoria Pódio, que possui a finalidade de apoiar atletas com chances de disputar finais e medalhas olímpicas e paralímpicas. 

As bolsas nessa categoria variam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil, e para ser contemplado, o atleta deve atender critérios definidos na lei, como estar entre os 20 melhores do ranking mundial ou na prova específica da modalidade.

A Secretaria de Esporte do DF também oferece apoio ao atleta olímpico, através do programa Compete Brasília. “A competição que participei e bati o recorde brasileiro, eu viajei com uma passagem doada pelo Compete Brasília”, relembra Caio Bonfim.

A Marcha Atlética

Essa modalidade costuma chamar atenção de quem assiste. Com regras peculiares e demandando uma técnica refinada, os competidores precisam manter contato com o solo em todos os momentos, resultando em movimentos característicos

A perna que avança, precisa estar reta. Por causa dessas regras nos movimentos, a Marcha Atlética, faz com que os competidores precisem requebrar o quadril, dando uma impressão que estão andando rebolando. Os ombros, também acompanham os movimentos. 

Os movimentos na Marcha Atlética (Wagner do Carmo/CBAt/Reprodução Instagram)

Caio Bonfim explica que durante o percurso vários juízes ficam analisando se as regras estão sendo cumpridas, e caso o atleta seja visto com os dois pés fora do chão, são punidos com cartões vermelhos. Na terceira infração flagrada por juízes diferentes, eles são eliminados da prova.

 “A análise é visual, não tem tecnologia pra isso, então pode acontecer de em algum momento esse erro escapar aos olhos do juiz”, diz Caio. 

A modalidade foi integrada aos Jogos Olímpicos em 1908, e somente em 1992, passou a ser disputada também na categoria feminina. Um atleta durante a prova pode atingir a velocidade de até 16km/h. “Pode parecer visualmente que não tem velocidade, mas atingir 15 ou 16km/h é bastante coisa”, analisa Caio Bonfim.