As recentes farpas do **príncipe Harry** e da sua mulher, **Meghan Markle**, sobre os bastidores da monarquia britânica, no período entre a morte da **rainha Elizabeth II**, em setembro, e a **coroação de Charles III**, prevista para maio, tiveram um **efeito negativo** maior sobre a duque e a duquesa de Sussex que nos membros da família real.
Harry deu sua versão para episódios envolvendo a **Casa de Windsor** no livro **_O que Sobra_** e na série **_Harry e Meghan_**, da **Netflix**. A obra bateu recorde de vendas para o gênero autobiografia no Reino Unido em menos de duas semanas, com **1,4 milhão** de cópias vendidas. Já a série foi vista por mais de **2,4 milhões** de pessoas, segundo a plataforma.
Pesquisas de opinião e especialistas na família real indicam que o público britânico está cansado das afirmações de Harry, em meio ao **luto** pela morte de uma figura muito querida no Reino Unido e às preparações para a ascensão do novo monarca.
_”Harry já falou tanto que as pessoas provavelmente pensarão: ‘Oh, pobre Charles’ – é como um drama de Shakespeare com um filho rebelde”_, disse **Pauline Maclaran**, especialista em monarquia da **Royal Holloway**, Universidade de Londres. _”Acho que as pessoas podem se relacionar com essas brigas. Mas eles não se identificam tanto com Harry, pois ele não reconhece nenhuma falha. Realmente, todos os outros são os culpados – até mesmo seu famoso uniforme nazista (usado em festa à fantasia em 2005) é culpa de William e Kate”_.
**Em baixa**
Pesquisas de popularidade conduzidas pela empresa britânica **YouGov** nos dias seguintes ao lançamento do livro mostraram uma leve **queda** na aprovação dos ingleses à monarquia e aos membros mais citados nas memórias, Charles, William e Kate, mas não o suficiente para torná-los impopulares.
Entre setembro e janeiro, a aprovação à monarquia recuou de 68% para 54%. A imagem de Charles perante os britânicos caiu de 67% para 60%. Já o membro mais popular da Casa de Windsor, William, príncipe de Gales, teve uma queda mais acentuada: a aprovação foi de 81% para 69%. Sua mulher, Kate Middleton, teve um recuo de 75% para 69%.
Harry, por outro lado, sofre uma queda na aprovação desde 2017, quando anunciou o noivado com Meghan, e bateu o **recorde** de impopularidade, com 26%. Meghan também aparece com um índice de popularidade baixo no Reino Unido, atrás apenas do príncipe Andrew, envolvido em escândalos sexuais.
_”A relação do casal Harry e Meghan foi vista como positiva para a família real por um tempo, especialmente por ela ser uma mulher divorciada e afro-americana, alguém que trazia um ar de modernidade para a família real”_, lembra o professor de **Relações Internacionais** da **Ibmec-BH**, **Christopher Mendonça**.
No fim, o que as exposições provocam é uma divisão em parte da opinião pública dentro e fora do Reino Unido. De um lado há quem acha que Harry está sendo **corajoso** por falar – comparando-o com **Diana** -, de outro há quem o considera um traidor.