O Brasil encerrou nesta quinta-feira (13) a primeira reunião do Brics sob sua presidência, destacando o papel do bloco na busca por soluções para desafios globais. Horas depois do evento, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou a jornalistas que “o Brics morreu”, em mais um ataque ao agrupamento das maiores economias emergentes.
Desde o fim de 2024, Trump tem feito ameaças diretas ao Brics, com especial foco na possibilidade de criação de uma moeda própria para substituir o dólar em transações comerciais entre os países membros. O presidente americano também tem criticado outras instituições multilaterais e retirou os EUA de acordos da ONU e da OMS.
Resposta do Brics
Antes da declaração de Trump, o Brics divulgou um comunicado abordando o contexto global e a importância da cooperação entre os países membros. Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, o documento alerta para “tensões geopolíticas que desafiam a frágil ordem multilateral internacional vigente” e critica “o recurso insensato ao unilateralismo e a ascensão do extremismo em várias partes do mundo”.
O texto também destaca as responsabilidades do Brasil em 2025, tanto na liderança do Brics quanto na organização da COP30, a conferência climática da ONU.
Trump contra o Brics
A possibilidade de o Brics estabelecer uma moeda alternativa ao dólar tem sido um dos principais alvos das críticas de Trump. O presidente americano chegou a ameaçar a aplicação de tarifas de 100% sobre produtos vindos do bloco, caso a iniciativa avance.
Para Maíra Lacerda, chefe da assessoria de assuntos internacionais do Ministério do Trabalho, os ataques de Trump são um sinal da relevância do Brics. “Se não se tratasse de um grupo com importância política e econômica, ninguém estaria falando sobre ele”, afirmou. “A tendência é unir mais esses países.”
O papel do Brics
Criado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics ampliou sua composição e hoje inclui Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etipóia e Arábia Saudita. O grupo defende o fortalecimento de organizações multilaterais e busca criar alternativas econômicas para países em desenvolvimento.
Ao longo do ano, representantes dos governos realizam cerca de 150 reuniões para discutir temas como inteligência artificial, crise climática e seus impactos no mercado de trabalho. Na Cúpula do Brics, os chefes de Estado se reúnem presencialmente para a assinatura de acordos e definição de diretrizes para o bloco.