O uso da toxina botulínica – comercialmente conhecida como botox – é mais comum para reduzir rugas e linhas de expressão, mas o que muitos não sabem é que a aplicação dessa substância possui múltiplas aplicações terapêuticas e funcionais, para além da estética.
A médica Vitória Cruz, especialista em beleza e ciências capilares, explica primeiramente que o botox age bloqueando temporariamente a comunicação entre o nervo e o músculo. “Isso significa que, ao ser aplicado de forma precisa, ele consegue ‘relaxar’ a musculatura ao reduzir a contração excessiva que causa as rugas de expressão ou até sintomas incômodos, como dor muscular”, detalha.
Além disso, o procedimento é usado também para tratar hiperidrose, que é o suor excessivo, especialmente em axilas, mãos e pés; e enxaqueca crônica, sendo aplicado em pontos específicos de tensão. “A toxina botulínica vai muito além do uso estético facial e tem ganhado cada vez mais destaque por suas múltiplas aplicações terapêuticas e funcionais”, destaca.

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Outra aplicação do botox que está super em alta é no trapézio, e já foi apelidada de “Barbie Botox”. “Esse procedimento tem feito muito sucesso especialmente entre mulheres que sentem essa região mais tensionada ou com musculatura mais hipertrofiada”, afirma a médica. “O resultado é duplo: alivia dores e desconfortos causados pela tensão muscular crônica e ainda proporciona um efeito visual lindo, ombros mais delicados e uma postura mais elegante”, acrescenta.
No entanto, existem certas contraindicações para o uso da toxina botulínica, como em casos de doenças neuromusculares, alergia a algum componente da fórmula ou infecções ativas no local da aplicação. “Mas, além disso, é fundamental que o paciente passe por uma boa avaliação antes do procedimento”, recomenda Vitória.
“Cada rosto, cada anatomia e cada queixa exigem um olhar personalizado. Não é só ‘aplicar botox’, mas sim entender o que vai harmonizar, o que vai preservar a naturalidade e o que, de fato, vai fazer sentido para aquela pessoa”, conclui.
Botox na reabilitação do AVC
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) frequentemente deixa os pacientes com sequelas motoras incapacitantes, o que afeta profundamente sua autonomia. Para enfrentar essa demanda, foi desenvolvido um protocolo avançado que utiliza a toxina botulínica do tipo A para tratar a espasticidade, uma das complicações mais comuns e debilitantes, que visa restaurar a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes.
A espasticidade é caracterizada pela rigidez e contração involuntária dos músculos, que pode levar a posturas anormais, dor intensa e perda significativa de funcionalidade nos braços e nas pernas. Nesses casos, o botox é utilizado de forma terapêutica, sendo aplicado diretamente nos músculos mais afetados, guiado por ultrassonografia para garantir a máxima precisão e eficácia do tratamento.

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