**_Bruno Fonseca, da Agência Pública_**
**Se você assistiu a vídeos no YouTube nos últimos dias, é provável que tenha visto algum conteúdo patrocinado pela campanha de Jair Bolsonaro (PL)**. Isso porque o presidente pagou mais de **R$ 14 milhões** em anúncios entre 16 a 22 de outubro — um recorde nos gastos destas eleições na plataforma.
Levantamento da **[Agência Pública](https://apublica.org/)** mostra que Bolsonaro turbinou os gastos com anúncios no YouTube nessa reta final do 2º turno. Até a manhã de segunda, 24 de outubro, o candidato já havia pago R$ 19,9 milhões em publicidade com vídeos. **Ao todo, foram mais de R$ 21 milhões pagos ao Google**, incluindo anúncios de texto que aparecem nas buscas feitas por usuários. Uma delas, por exemplo, é um anúncio para quem pesquisasse por “_Bolsonaro no SBT_”. O link pago redireciona para um site registrado pela agência paga por Bolsonaro.
Os gastos da campanha de Bolsonaro representam quase **um quinto de tudo que já foi pago ao Google nestas eleições** (19,1%).
![Campanha de Bolsonaro pagou mais de R$ 1 milhão em anúncios por dia nos últimos quatro dias. Recorde é de 22 de outubro, com mais de R$ 4 milhões](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/gastos_9d6af0b189.png)
Com a **explosão de gastos**, Bolsonaro passou com folga a campanha do seu concorrente, Lula (PT), que pagou R$ 17,5 milhões no mesmo período. Até a semana anterior, era o petista quem estava à frente nos gastos com publicidade.
A **estratégia digital de Bolsonaro no YouTube** repete o que o político fez no primeiro turno. Na época, ele também aumentou os gastos nos dias anteriores à votação. O recorde da sua campanha até então era de **R$ 1,1 milhão gastos em um único dia**, 30 de setembro, o último permitido para os anúncios.
Já no 2º turno, Bolsonaro tem gasto bem mais: em quatro datas da última semana o candidato pagou mais de R$ 1 milhão por dia em anúncios de vídeo. **O maior valor até agora aconteceu no dia 22, sábado, quando a campanha Bolsonaro pagou R$ 4,59 milhões**.
**Vídeos segmentados**
A **Agência Pública** analisou os vídeos impulsionados por Bolsonaro nos últimos dias e concluiu que parte da explosão de gastos se deve a uma série de vídeos gravados pelo presidente para **usuários de cidades específicas**.
“_Você que é de Duque de Caxias, eu quero falar com você_”, começa Bolsonaro em um vídeo impulsionado apenas para quem acessa do **município**, que fica ao norte da capital. Na gravação, o presidente afirma que “_posso nem sempre usar as palavras certas_”, mas que deseja “_proteger a inocência das nossas crianças_”. Ele convoca quem assiste a entrar no seu canal de Telegram e a votar 22. **A campanha gastou de R$ 10 mil a R$ 15 mil com o anúncio, que foi visto cerca de 400 mil vezes, segundo dados do Google**.
Bolsonaro fez gravações iguais para “_você que é de_” Campinas, Goiânia, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Guarulhos, Belém, Recife e **várias outras cidades brasileiras**.
Em outra peça, destinada apenas a usuários de **Minas Gerais**, Bolsonaro diz “_sabia que meu vice-presidente, o General Braga Neto, é mineiro de Belo Horizonte?_”. Mais à frente, o candidato chama Juiz de Fora de sua “_segunda terra natal_”. O anúncio custou entre R$ 500 a R$ 1 mil e foi visto mais de 45 mil vezes.
Além da segmentação, um dos **vídeos patrocinados** por Bolsonaro na última semana mente: “_lembro que na Câmara todos os deputados do PT votaram contra o auxílio Brasil_”, diz o presidente. **[Checagem do Aos Fatos](https://www.aosfatos.org/noticias/falso-pt-votou-contra-auxilio-brasil-congresso/)** mostra que o benefício foi aprovado na Câmara por unanimidade, no ano passado – o que inclui o PT. O que a maioria da bancada do PT votou contra foi a **PEC Emergencial**, que permitia descumprir regras fiscais para estender o pagamento do auxílio emergencial.