O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta terça-feira (25/2), que o tenente Mauro Cid, ex-ajudante de ordens durante seu governo, teria sofrido “tortura psicológica” para delatar supostos crimes que resultaram em uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A declaração foi dada em entrevista ao jornalista Léo Dias, que recentemente lançou uma TV digital em seu portal. Ao jornalista, Bolsonaro argumentou que os depoimentos de Cid teriam sido obtidos sob forte pressão e comparou a situação à Operação Lava Jato, que teve sentenças anuladas por supostas irregularidades processuais, segundo ele.
“Os meus advogados pediram e, 11 meses depois, tive acesso a todos os vídeos, do começo ao fim, sem cortes. O que foi divulgado são só pedacinhos […]. E ele falava: ‘Olha, tem um pai, uma esposa e uma filha’. Isso é tortura. Tortura psicológica“, afirmou Bolsonaro.
O ex-presidente reforçou que Cid “foi obrigado a falar” e que seu caso tem “dez vezes mais nulidades” do que as da Lava Jato. No entanto, negou estar defendendo o ex-ajudante de ordens: “Não vou atacar o Cid. O que quero questionar é a forma como tudo foi feito.”
Assista:
Contato com Mauro Cid
Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que a última vez que falou com Mauro Cid foi em 30 de dezembro de 2022, antes de viajar para os Estados Unidos. Segundo ele, a decisão de deixar o país não foi motivada por um “pressentimento” de que algo aconteceria, mas destacou que os acampamentos de apoiadores estavam se dissolvendo naturalmente antes dos atos de 8 de janeiro.
“Eu não saí triste do Brasil. Talvez sentisse que algo errado pudesse acontecer. Mas os acampamentos já estavam sendo desmobilizados. Na quarta-feira seguinte, tinha umas 300 pessoas aqui. Antes, eram mais de 10 mil. Estava tudo caminhando para o ponto final“, declarou.
Questionado se faltou um posicionamento mais incisivo pedindo que seus apoiadores deixassem os acampamentos e retomassem suas vidas, Bolsonaro afirmou que a retirada estava acontecendo de forma natural. “90% foi embora. O que ficou foi um pequeno grupo. Tem gente que foi convocada e tomou outra decisão“, completou.
A denúncia contra o ex-presidente está em análise pelo STF.