O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou a possibilidade de lançar sua esposa, Michelle Bolsonaro, como candidata à Presidência da República nas eleições de 2026. Atualmente, a ideia é que ela concorra ao Senado pelo Distrito Federal.
A declaração foi dada nesta quinta-feira (23), em entrevista à CNN, e ocorre em meio a disputas judiciais para reverter a inelegibilidade que o impede de concorrer a cargos públicos até 2030.
Bolsonaro indicou que sua eventual participação no governo de Michelle seria uma condição para a candidatura.
“Vi na pesquisa do Paraná Pesquisas que ela [Michelle] está na margem de erro do Lula. Esse evento lá fora [posse de Donald Trump] vai dar uma popularidade enorme para ela. Não tenho problemas [em indicá-la para cabeça de chapa], seria também um bom nome com chances de chegar. Obviamente, ela me colocando como ministro da Casa Civil, pode ser [candidata à Presidência]”, afirmou.
A situação jurídica de Bolsonaro é resultado de condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em junho de 2023, ele foi declarado inelegível por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, após reunião com embaixadores em que atacou, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro.
Outra condenação por abuso de poder, relacionada às comemorações do Bicentenário da Independência, reforçou a proibição de disputar eleições até 2030.
Apesar de recorrer judicialmente contra essas decisões, Bolsonaro tem cogitado alternativas caso não consiga reverter sua inelegibilidade, sendo Michelle um dos nomes ventilados para a corrida presidencial. Os filhos também são ventilados como possíveis herdeiros do espólio eleitoral.
Durante a entrevista, Bolsonaro também expressou preocupação com a possibilidade de prisão, destacando que está sendo investigado em três inquéritos da Polícia Federal.
“Hoje em dia, qualquer um pode ser preso sem motivo nenhum. Como gente que nem em Brasília estava [em 8/1] e foi preso. Uma pessoa decide o futuro de qualquer um”, disse, referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele ainda questionou as acusações de tentativa de golpe de Estado e venda de joias recebidas como presente: “É justa a possível punição para cima de mim? Que golpe?”, declarou.
Bolsonaro também comentou a política do ex-presidente americano Donald Trump sobre imigração, elogiando o endurecimento contra imigrantes ilegais. “Trump está fazendo a coisa certa. Nós não temos esse problema aqui. Acho que está fazendo o que prometeu, e eu, no lugar dele, faria a mesma coisa”, afirmou.
Ele comparou a situação ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Brasil. “É a casa dele, e ele faz as regras. O que você acha de o MST invadir uma fazenda? Vai permanecer lá dentro ou não? Quem quer ir pra lá que busque uma maneira legal”, disse o ex-presidente.