O presidente dos EUA, Joe Biden, disse em entrevista divulgada nessa quarta-feira (17) que reavaliaria sua candidatura caso os médicos dissessem que ele tem algum problema de saúde. Horas depois, ele testou positivo para covid e se isolou em casa, em Delaware. No mesmo dia, o Comitê Nacional Democrata (DNC) adiou em uma semana a oficialização de sua chapa, um reflexo da pressão para que ele abandone a disputa.
Biden tem repetido que nenhum de seus médicos até agora disse que ele tem algum problema sério. Kevin O’Connor, médico da Casa Branca, escreveu após o exame físico do presidente, em fevereiro: “Biden é um homem saudável, ativo, robusto, de 81 anos, que continua apto a executar com sucesso as funções da presidência”.
Desastre
No entanto, seu desempenho desastroso no primeiro debate presidencial com Donald Trump, no mês passado, provocou uma onda de pedidos de aliados democratas para que ele desista da candidatura e levantou questões sobre sua saúde.
Na entrevista a Ed Gordon, da BET News, Biden foi questionado se havia algo que o faria reavaliar sua permanência na corrida. “Se eu tivesse alguma condição médica que surgisse. Se os médicos viessem até mim e dissessem: você tem esse problema ou aquele problema”, disse o presidente, de acordo com um breve trecho divulgado pela emissora.
Erros
O comentário de ontem mostra o quanto as explicações do presidente vêm mudando de tom desde o debate. Em entrevista à ABC News, no início do mês, Biden afirmou que desistiria apenas se o “Senhor Todo-Poderoso” lhe dissesse para fazer isso”. Em coletiva de imprensa em Washington, dias depois, ele disse que permaneceria na corrida a menos que assessores lhe apresentassem provas de que ele nunca poderia vencer Trump.
Agora, na entrevista da BET News, divulgada ontem, ele admitiu que “cometeu um erro grave no debate” e poderia reavaliar sua decisão se um de seus médicos recomendasse.
Biden também contou pela primeira vez que não tinha planos de concorrer à reeleição e pretendi “passar o bastão para outra pessoa”, mas que decidiu se candidatar novamente porque acredita que sua sabedoria e experiência ajudariam a superar as divisões crescentes nos EUA.
“Eu disse que seria um candidato de transição, e pensei que seria capaz de seguir em frente e passar isso para outra pessoa”, afirmou o presidente. “Mas eu não esperava que as coisas ficassem tão polarizadas. E, francamente, acho que a única coisa que a idade traz é um pouco de sabedoria.”
Adiamento
Ontem, o deputado Adam Shiff, um dos mais influentes democratas do Congresso, ligado a Nancy Pelosi, nome histórico do partido, pediu pela primeira vez publicamente que Biden deixe a disputa. “Tenho sérias dúvidas se o presidente é capaz de derrotar Trump”, escreveu Shiff em editorial publicado pelo Los Angeles Times.
A pressão fez o DNC adiar em uma semana os planos de oficialização da candidatura de Biden, que seria feita através de votação virtual. Chuck Schumer, líder da maioria democrata no Senado, também estaria pressionando o presidente a desistir. Ele seria um dos que negociaram o adiamento da nomeação.
Quase dois terços dos democratas querem que o presidente abandone a disputa presidencial, de acordo com uma pesquisa da Associated Press e do Centro Nacional de Pesquisa de Opinião (Norc), divulgada ontem.
Embora algumas pesquisas ainda apontem uma disputa apertada entre Joe Biden e Donald Trump, a CNN obteve dados de sondagens internas do Partido Democrata que mostram o presidente perdendo terreno em 14 Estados americanos.
Segundo os dados, quatro nomes do partido têm desempenho melhor que Biden nas pesquisas: o senador Mark Kelly e os governadores de Maryland, Wes Moore, da Pensilvânia, Josh Shapiro, e de Michigan, Gretchen Whitmer.
*Com informações são do jornal O Estado de S. Paulo.