Barry é, sem dúvidas, um dos maiores sucessos da HBO – são cento e sessenta indicações em prêmios e cinquenta vitórias até agora. Mas, como tudo que é bom chega ao fim, Barry também está começando a chegar no fim da linha. A quarta e última temporada da dramédia, sobre um matador de aluguel que tenta ter uma vida normal, estreia neste domingo, 16.
É um fim que parece, neste momento, precoce. Afinal, a jornada de Barry não poderia ser mais interessante: ele desvirtua completamente a figura do matador de aluguel; ainda que empregue a violência em seus atos, é humanizado e tem preocupações mundanas, desde paixões arrebatadoras, passando por hobbies do personagem até o amor pelo teatro.
Bill Hader, porém, afirma categórico que este é realmente o fim. O astro, que ficou conhecido pelo programa Saturday Night Live, é o grande nome da série: não só é o protagonista Barry, como também assina direção e roteiro de quase todos os episódios – nesta quarta e última temporada, aliás, ele é o diretor de todos os episódios, assim como o roteirista.
E quando ele diz que acabou, acabou. “Começamos a escrever a quarta temporada durante a pandemia ou, pelo menos, começar e esboçar a história. E, enquanto a gente estava fazendo isso, nos demos conta de que a história poderia terminar aqui”, conta ele, em entrevista com participação do Estadão. “Não queríamos definir isso até ter toda a história finalizada. Mas acabava naturalmente assim, aqui. E a HBO foi muito legal com isso. Disseram que tudo bem”.
Hader, apesar de parecer durão, mostra sensibilidade quando fala sobre a despedida. “É estranho. Eu não penso muito nisso. Para mim, o adeus era com quem trabalhamos na série: a equipe, os outros atores, coisas assim. Essa é a parte difícil de terminar o show”, diz. “Mas a realização disso é uma combinação estranha de tentar contar uma história pragmática e ser intuitivo. Pensar que isso parece fazer sentido, ou que isso parece certo”.
Uma temporada mais madura, violenta e emocionante
O Estadão assistiu aos episódios da quarta temporada de Barry e é evidente como a série recuperou boa parte do vigor perdido na terceira temporada – que chegou depois de um longuíssimo hiato de três anos. Ganha mais camadas de emoção e a violência, que ficou de lado em alguns momentos, voltou a ter o vigor visto na primeira e segunda temporadas.
“A grande coisa desta série foi como manter o tom engraçado, mas a violência sempre foi muito importante para mim por se mostrar como bem real”, diz Bill. “Não queríamos ser grotescos. Meu personagem usa uma arma, assim como outros usam armas, e não parece deixá-los felizes. Está destruindo eles. Isso, esperamos, permeou a temporada inteiro”.
Por fim, não dá para ignorar como Bill Hader evoluiu como diretor e roteirista. Mesmo acumulando três funções, se saiu bem – e, acima de tudo, não se apegou tanto ao seriado a ponto de prolongar Barry para sempre, tornando a produção exageradamente esquecível.
“Foi, astronomicamente, uma grande curva de aprendizagem”, conta Bill. “A maior coisa que eu aprendi foi que era preciso tentar manter o simples e ser pragmático sobre as coisas. E realmente deixar tudo preparado. A câmera está lá por algum motivo. Por que está lá? Por que está mostrando isso? Por que não está mostrando? Qual é o ponto de vista que estamos vendo? E, por ser uma série de 30 minutos, temos que ter uma direção. Se alguém está fazendo uma atuação interessante, vamos deixar a atuação inteira. Vamos deixar eles fazerem seus trabalhos. Muito disso vem com prática e também com muito aprendizado.”