Pela segunda vez na história das Copas do Mundo, a Austrália está classificada às oitavas de final. Nesta quarta-feira (30), os Socceroos derrotaram a Dinamarca por 1 x 0 no Estádio Al Janoub, em Al Wakrah, pela rodada final do Grupo D do Mundial do Catar. Os australianos finalizaram a chave na segunda posição, com os mesmos seis pontos da França, atual campeã, que ficou à frente pelo saldo de gols. Em duelo simultâneo, no Estádio Cidade da Educação, em Doha, os franceses perderam da Tunísia por 1 x 0. Com este resultado, a equipe da Oceania (que disputa as eliminatórias pela confederação asiática) teria sido eliminada caso empatasse ou perdesse dos dinamarqueses.
Desde 2006, na Alemanha, quando ficou na segunda colocação do grupo do Brasil, a Austrália não passava de fase em uma Copa. Na ocasião, a seleção caiu para a futura campeã Itália nas oitavas. A seleção escandinava ficou fora do mata-mata pela segunda vez em seis participações em Mundiais. A última queda precoce tinha sido em 2010, na África do Sul. Nas oitavas de final, a Austrália terá pela frente o líder do Grupo C, onde estão Argentina, Polônia, Arábia Saudita e México. A partida será neste sábado (3), às 16h (horário de Brasília), no Estádio Ahmad bin Ali, em Al Rayyan.
Na Dinamarca, o técnico Kasper Hjulmand abriu mão da formação com três zagueiros, com a saída de Victor Nelsson e o reforço ao meio-campo com a entrada do volante Mathias Jensen. Na ligação com o ataque, Andreas Skov Olsen ficou com a vaga de Mikkel Damsgaard. O treinador australiano, Graham Arnold, por sua vez, mexeu somente na lateral direita, trocando Fran Karacic por Milos Degenek.
As mudanças na seleção escandinava a deixaram com maior mobilidade para articular jogadas. Aos 11 minutos, o atacante Martin Braithwaite fez o pivô na entrada da área, quebrando a linha de marcação e rolando, à direita, para Jensen bater cruzado e o goleiro Mathew Ryan espalmar. Dois minutos depois, Skov Olsen recebeu de Braithwaite na entrada da área, levou à perna direita e chutou por cima do gol.
A Dinamarca sustentou a pressão nos dois primeiros terços da etapa inicial, mas pecando na finalização, como em tentativas de Skov Olsen e do também meia Cristian Eriksen, ambas da entrada da área, aos 24 e 28 minutos, respectivamente. Apesar do desgaste reduzir o ímpeto dos europeus, a Austrália quase não se aventurou à frente. Quando o fez, em contra-ataque aos 41 minutos, foi pouco efetiva. O meia Riley McGree ajeitou na intermediária para Mitch Duke, pela esquerda. O atacante carregou a bola em direção à área, sem marcação, mas chutou fraquinho, nas mãos do goleiro Kasper Schmeichel.
A pressão da Tunísia sobre a França no outro jogo pareceu ter acendido o alerta para os Socceroos, que retornaram melhor do intervalo. A entrada do volante Keanu Baccus no lugar do atacante Craig Goodwin recuperou o meio-campo e deu mais fluidez aos contra-ataques, como o que resultou no gol da vitória. Aos 15 minutos, o meia Mathew Leckie disparou pelo meio, lançado por McGree, escapou da marcação do lateral Joakim Maehle e chutou cruzado, colocando a Austrália à frente.
As saídas de Jensen, Skov Olsen e Braithwaite, de boas atuações na primeira etapa, para darem lugar a Damsgraad e aos atacantes Andreas Cornelius (1,92 metro) e Kasper Dolber (1,87 metro) deixaram, novamente, a equipe da Escandinávia estática. As apostas no jogo aéreo e nos lançamentos longos acabaram, na verdade, “consagrando” os zagueiros Harry Souttar e Kye Rowles. Nos acréscimos, o time europeu foi para o abafa e até mesmo Schmeichel foi para a área nas cobranças de escanteio, mas a rede não balançou mais no Al Janoub.
**França tropeça em seus reservas**
A Tunísia deu adeus à Copa do Mundo do Catar, mas fez história. As Águias do Cartago fizeram a parte que lhes cabia e derrotaram a França, atual campeã, por 1 x 0, no Estádio Cidade da Educação, em Doha. Apesar da derrota, os franceses, que entraram em campo já classificados, finalizaram o Grupo D na ponta Os tunisianos, com quatro pontos, despedem-se da Copa do Catar na terceira colocação da chave, com quatro pontos.
O primeiro triunfo da Tunísia sobre um europeu na história do Mundial foi especial, pelo fato de o rival ser um antigo colonizador. O país africano foi um protetorado francês entre 1881 e 1956, quando conseguiu independência. O período deixou marcas na população. Tanto que, antes de a bola rolar, alguns torcedores vaiaram o hino da França.
Viva na briga pelo terceiro título mundial (e o segundo consecutivo), apesar do fim de uma sequência de nove partidas de invencibilidade em Copas, a França terá pela frente, nas oitavas de final, o vice-líder do Grupo D, que reúne Argentina, Polônia, Arábia Saudita e México. O jogo será no domingo (4), às 12h, no Estádio Al Thumama, em Doha.
A França entrou em campo bastante modificada, com apenas dois titulares (o zagueiro Varane e o meia Tchouaméni). Na Tunísia, Jalel Khadri também fez seis alterações em relação à derrota para a Austrália, por 1 x 0, na rodada passada, com as saídas do zagueiro Dylan Bronn, dos laterais Mohamed Dräger e Ali Abdi, dos meias Naïm Sliti e Youssef Mskani e do atacante Issam Jebali, para entradas, respectivamente, de Nader Ghandri, Wajdi Kechirda, Ali Maaloul, Ali Ben Romdhane, Anis Slimane e Wahbi Khazri.
A necessidade de vitória fez a Tunísia iniciar o jogo mais agressiva, tentando sair em velocidade pelos lados, mas com dificuldades para entrar na área e finalizar, dada à marcação dos zagueiros Konaté e Varane. Aos sete minutos, Ghandri até balançou as redes ao desviar, quase na pequena área, uma cobrança de falta de Khazri pela esquerda, mas o lance foi invalidado por impedimento.
A bola parada e, principalmente, cruzamentos, foram as únicas armas tunisinas no primeiro tempo, sem sucesso. Os africanos fizeram 19 levantamentos na área durante os 45 minutos iniciais e levaram a melhor somente uma vez. Os franceses, sem pressa, administraram a posse de bola, buscando espaços na marcação da Tunísia, mas também sem sustos à meta do goleiro Aymen Dahmen.
Na volta do intervalo, a Tunísia veio com uma postura ainda mais ofensiva. Aos seis minutos, Aissa Laïdouni tomou a bola de Fofana na área e soltou a bomba, na frente do goleiro Mananda, por cima do gol. A maior vontade do time africano foi recompensada aos 12. O meia Ellyes Shkiri roubou de Fofana no meio-campo e rolou para Laïdouni, que lançou Khazri. O atacante, um dos dez jogadores da seleção africana com nacionalidade francesa, carregou em direção à área, encarou a marcação e bateu na saída de Mananda, no cantinho, fazendo 1 x 0.
Com o desgaste da Tunísia e as alterações de Deschamps, que promoveu as entradas do volante Rabiot e dos atacante Mbappé, Griezmann e Dembelé, todos titulares, a França passou a controlar as ações ofensivas e chegar com perigo. Dahmen, em três ocasiões, salvou a Tunísia, em finalizações de Dembelé (33 e 36 minutos) e Mbappé (43 minutos).
Nos acréscimos, a resistência africana pareceu ter chegado ao fim. Aos 52 minutos, Tchouaméni cruzou pela esquerda, o zagueiro Montassar Talbi afastou e Grizemann, de primeira, mandou para as redes. A celebração do atacante, porém, foi frustrada pelo VAR, que viu impedimento na jogada. Apesar da eliminação já consolidada pela vitória da Austrália sobre a Dinamarca, a anulação do gol francês explodiu a torcida tunisiana, que pôde, ao menos, comemorar uma vitória histórica no adeus à Copa do Catar. **(Agência Brasil/EBC)**