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Aurora boreal ou austral? Um guia completo sobre o fenômeno das luzes dançantes

Entenda como o espetáculo ocorre e confira dicas para conseguir visualizá-lo

Poucos fenômenos naturais despertam tanto encantamento e curiosidade nas pessoas quanto a aurora boreal – ou austral, a depender da localização onde aparece. As luzes coloridas que surgem no céu durante a noite em regiões polares atraem turistas do mundo inteiro em busca de uma experiência quase mágica. 

Mas, por trás do espetáculo visual, existe uma complexa dança de partículas e gases que a física explica com precisão. Para entender melhor como esse fenômeno acontece, o GPS|Brasília conversou com a professora Adriana Pereira Ibaldo, do Instituto de Física da Universidade de Brasília. Além disso, pegamos dicas valiosas com a agência Teresa Perez, especializada em experiências de luxo, para descobrir os melhores destinos e épocas para testemunhar a aurora de perto.

Por que e como aparecem as luzes coloridas da aurora boreal e austral?

Adriana: As auroras surgem devido à interação de partículas provenientes do vento solar com o campo magnético terrestre, conhecida como magnetosfera. No Sol, a parte mais externa da sua atmosfera – a coroa solar, é composta por um gás ionizado superaquecido, também chamado de plasma. 

A temperatura na coroa solar pode chegar a um milhão de graus Celsius – e quando o plasma fica a temperaturas muito altas, a gravidade do Sol não é suficiente para mantê-lo na coroa solar, de forma que ele “viaja” pelo espaço, sendo chamado de vento solar. O vento solar também carrega parte do campo magnético do Sol, ou campo magnético interplanetário. 

Quando o vento solar atinge a Terra, ocorre sua interação com a magnetosfera terrestre: o campo magnético interplanetário interage com as linhas do campo magnético terrestre, o que perturba a magnetosfera e causa as chamadas tempestades geomagnéticas. 

Quando há interação favorável entre o campo magnético interplanetário e o terrestre, há a transferência de energia do vento solar para a magnetosfera terrestre. Como consequência,  partículas carregadas na atmosfera são aceleradas e colidem com as moléculas que compõem a atmosfera, como o oxigênio e nitrogênio, ocasionando a emissão das luzes da aurora boreal.

Quando o vetor solar atinge a Terra, o campo magnético terrestre deflete as partículas carregadas presentes no vento solar. Boa parte destas partículas é defletida; porém, algumas são capturadas pelo campo magnético terrestre, sendo aceleradas nas regiões polares, devido à geometria das linhas do campo magnético terrestre. Por isso que as auroras são vistas em locais de alta latitude. 

Aurora boreal ou austral? Um guia completo sobre o fenômeno das luzes dançantes

Foto: reprodução/The Lindis Lodge

Qual é a diferença entre aurora boreal e aurora austral?

Adriana: A diferença está no local onde são observadas: as auroras boreais são observadas próximas ao Polo Norte, enquanto as austrais são observadas próximas ao Polo Sul. 

Assim, as auroras ficam confinadas próximas aos pólos magnéticos da Terra, em uma linha aproximadamente oval em torno de cada polo. Geralmente corresponde a uma linha de três mil quilômetros de extensão, mas pode chegar a cinco mil quando o vento solar está mais intenso.

Outro ponto interessante sobre as auroras é que em períodos de alta atividade solar elas são mais intensas. Por exemplo, fenômenos como as explosões solares e as ejeções de massa coronal (bolhas de gás ejetadas do Sol) podem ocasionar aqui na Terra tempestades geomagnéticas mais intensas, e consequentemente, auroras mais intensas. 

Ainda, a atividade solar tem um ciclo de aproximadamente 11 anos, no qual se observam variações nos níveis de radiação solar, nas erupções solares, nas ejeções de massa coronal, no número e no tamanho de manchas solares, e quando há o máximo da atividade solar, impacta também na frequência e na intensidade das auroras boreais e austrais observadas.

Outra curiosidade é que quando a tempestade geomagnética é muito intensa, é possível observar auroras em latitudes moderadas, e não apenas próximas aos polos, como foi observado no norte da Índia, sul da Austrália e na Flórida em 2024.

Existe alguma explicação para a variação de cores?

Adriana: As luzes coloridas que vemos são resultado da colisão entre as partículas carregadas e as moléculas de oxigênio e nitrogênio presentes na atmosfera, causando a emissão de luz. A cor das auroras também depende de qual altitude na atmosfera essas colisões ocorrem. A cor verde ocorre devido às colisões das partículas carregadas com o gás oxigênio a 120 a 400 km de altitude. Já a cor vermelha se deve também ao oxigênio,  porém em altitudes acima de 300 km. Já tons violáceos (violeta) são devido ao nitrogênio.

Aurora boreal ou austral? Um guia completo sobre o fenômeno das luzes dançantes

Foto: reprodução/Arctic TreeHouse Hotel

O que faz com que as auroras “dancem” no céu? 

Adriana: As formas observadas nas auroras, em geral  em arcos e “cortinas”, se devem às linhas de força do campo magnético terrestre. 

Quais são as condições necessárias para a aurora acontecer? 

Adriana: As auroras acontecem o ano inteiro, já que o vento solar está presente o tempo todo, mas existem certas condições que permitem a sua visualização. Para ver uma aurora boreal ou austral, em primeiro lugar você deve ir para lugares em altas latitudes, próximas ao Círculo Polar Ártico ou Antártico, como Noruega, Islândia, Canadá, Groenlândia, Antártida, dentre outras regiões e países. 

Nós ouvimos falar mais de aurora boreal porque os relatos vêm das regiões polares que são habitadas, que em sua maioria estão no Hemisfério Norte. A Antártida foi, por muito tempo, inabitada e, mesmo hoje, devido aos tratados internacionais, tem poucos habitantes, como cientistas fazendo pesquisas lá. Ainda no Hemisfério Sul, é possível ver auroras austrais no sul da Argentina, Nova Zelândia e Austrália, mas são mais raras de ocorrerem.

Ainda, como as auroras não são visíveis durante o dia, a melhor época para caçar auroras é durante o inverno nas regiões polares. Isso porque nesta estação as noites são longas e os dias, curtos, o que aumenta a chance de visualizar o fenômeno. O auge no Hemisfério Sul corresponde aos meses de junho a agosto, ao passo que, no Hemisfério Norte, os meses de novembro a janeiro são os melhores. 

Além disso, as condições locais são fundamentais. Primeiro, procure destinos longe da poluição luminosa das cidades. O clima também conta: céu limpo, sem nuvens.

Agora que você já entendeu como acontecem as auroras boreal e austral, está na hora de se planejar para vê-las ao vivo. Confira abaixo os melhores lugares para se hospedar, ter uma experiência confortável e de luxo e, ainda, presenciar um dos fenômenos naturais mais especiais do mundo:

Oceania

  • Tasmânia, na Austrália

A melhor época para ver o fenômeno é entre os meses de maio a agosto, e a dica é se hospedar no resort all inclusive Saffire Freycinet

 
 
 
 
 
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  • Ahuriri Valley, região de Mount Cook/Mackenzie, na Nova Zelândia

No Vale Ahuriri, o The Lindis Lodge se destaca por oferecer uma experiência de luxo à beira do rio Ahuriri. Lá, os meses de março a setembro são os melhores para presenciar a aurora austral.

 
 
 
 
 
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América do Sul

  • Ushuaia, na Argentina

Aurora austral na América do Sul não é tão comum. Porém, em 2024, as auroras foram vistas do norte ao sul do continente, por toda a cordilheira dos Andes, em especial no Ushuaia, que é a cidade mais austral do mundo. A época mais provável de acontecer é entre abril e outubro. Uma opção de hospedagem na região é o luxuoso Arakur Ushuaia Resort & Spa.

 
 
 
 
 
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Europa

  • Islândia

É possível ver o fenômeno em toda a ilha da Islândia, preferencialmente de outubro a março, que são os meses mais frios na região. Por lá, hospede-se no Eleven Deplar Farm e tenha uma experiência inesquecível. 

 
 
 
 
 
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  • Finlândia

Na região da Lapônia, nos arredores das cidades de Rovaniemi e Levi, estão os principais hotéis que oferecem uma estadia de luxo, como o Arctic TreeHouse Hotel, onde é possível também presenciar a aurora boreal durante os meses de outubro a março. 

 

 
 
 
 
 
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  • Noruega

Localizada ao norte do país, a cidade de Tromsø é a mais famosa para a observação do fenômeno, mas recentemente a região de Alta também surgiu como uma nova alternativa. Uma opção é se hospedar no hotel Sorrisniva entre outubro e março para ver a aurora boreal ao vivo.

 
 
 
 
 
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América do Norte

  • Canadá

O Ártico Canadense é mais remoto, o que permite que a aurora seja vista sobre paisagens selvagens e sem poluição luminosa, tornando-a mais intensa. A sugestão é explorar a região em um cruzeiro de alto padrão da Swan Hellenic. A saída ocorre do dia 15 a 30 setembro 2025, a bordo do SH Vega.

Aurora boreal ou austral? Um guia completo sobre o fenômeno das luzes dançantes

Foto: reprodução/Swan Hellenic

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