O ativista Thiago Ávila desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos nessa quinta-feira (13), onde foi recebido por um grupo de apoiadores da causa palestina com cartazes, bandeiras e mensagens de apoio. Ávila fazia parte da missão humanitária “Flotilha da Liberdade”, interceptada por Israel enquanto seguia para a Faixa de Gaza com o objetivo de furar o bloqueio militar imposto ao território palestino e entregar ajuda humanitária. Durante sua estadia forçada em Israel, ele foi detido em uma cela solitária por dois dias e relatou ter feito greve de fome como forma de protesto.
Segundo o relato do ativista, o governo israelense tentou forçá-lo, assim como os demais integrantes da flotilha, a assinar um documento alegando entrada ilegal em território israelense. Thiago se recusou a assinar e destacou que o grupo foi capturado em águas internacionais, o que configuraria sequestro. Apesar da pressão, Ávila não cedeu e acabou banido de Israel por 100 anos. A deputada Rima Hassan, que também fazia parte da missão, relatou ameaças diretas por parte das autoridades israelenses quando se negou a assinar o mesmo documento.
Ao retornar ao Brasil, Ávila criticou duramente a atuação de Israel e a cobertura midiática do conflito, alegando que muitas vezes os jornalistas enfrentam barreiras editoriais para relatar os fatos de maneira completa. Ele defendeu uma posição mais firme do governo brasileiro, sugerindo até o rompimento das relações diplomáticas com o Estado de Israel. Para o ativista, o presidente Lula teria a chance de se fortalecer politicamente ao adotar essa postura, o que ele enxerga como um gesto necessário frente à “ideologia odiosa” que, segundo ele, sustenta o atual governo israelense.
Ávila também fez questão de diferenciar antissionismo de antissemitismo, ressaltando que muitos judeus em todo o mundo se opõem às ações militares israelenses contra os palestinos. Ele afirmou que os povos da região já conviveram em harmonia e responsabilizou o imperialismo britânico e o movimento sionista pela destruição dessa convivência pacífica. Para ele, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu representa o principal inimigo dos direitos humanos na atualidade, e defendeu que a solidariedade e o afeto são as maiores armas de resistência.
A missão Flotilha da Liberdade contou com 12 ativistas de diferentes nacionalidades, incluindo a sueca Greta Thunberg. Até o momento da deportação de Ávila, oito ativistas ainda estavam detidos. A repressão israelense à missão gerou indignação internacional e renovou o debate sobre a situação humanitária em Gaza.
*Com informações da Agência Brasil