Ato realizado neste domingo (29), na Avenida Paulista, em frente ao Masp, em São Paulo, reuniu apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). Na manifestação, o ex-presidente desenhou sua estratégia política para as eleições do próximo ano: formar um Congresso com uma bancada de direita para, segundo suas palavras, “mudar o Brasil”.
Se nós queremos que nosso time seja campeão, temos de investir e acreditar. As coisas não acontecem de uma hora para outra. Não interessa onde eu esteja ou a covardia que porventura façam comigo. Eu tenho a certeza que o objetivo final não é prender, mas eliminar. Logicamente não quero ser preso ou morto. Se vocês me derem, por ocasião das eleições do ano que vem, 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil”, afirmou, acenando ainda para o Republicanos, o PSD, o PP, o MDB e o União Brasil.
Com tom fatalista, Bolsonaro disse não ter “obsessão pelo poder”, mas amor pela pátria. “Não interessa onde eu esteja, aqui ou no além. Quem assumir a liderança, vai mandar mais que o presidente da República. Com essa maioria, nós elegeremos o nosso presidente da Câmara e do Senado e a maioria das comissões de peso. Nós decidiremos, nas sabatinas, decidiremos quem prosseguirá nas missões, indicaremos representantes das agências, o presidente do Banco Central. Seremos os responsáveis pelo destino do Brasil”, completou.
Recebido por gritos de mito, Jair Bolsonaro começou sua fala na manifestação contando sua carreira política. “Só um milagre explica minha eleição em 2018. Nós temos Deus, a verdade e grande parte da população brasileira a nosso lado. Vocês me fortalecem para ser o seu porta-voz”, disse.
O Brasil tem jeito. É só não roubar que a gente vai para frente. Na política, é dizer não, em vez de sempre sim. Em 2018, quem decidiu a eleição foi esse cara aqui (Carlos Bolsonaro). O marqueteiro aqui me colocou na Presidência da República. Ele foi o cérebro. Mas tínhamos, naquele momento, a liberdade de expressão”, afirmou.
Bolsonaro também se disse um “defensor da liberdade” e enumerou os desafios de quatro anos na Presiência, como a crise hídrica, guerra no exterior e pandemia. “Eu comprei 600 milhões de doses de vacina. Mas falei: eu não vou tomar. Você tem de ter liberdade para escolher seu futuro. Você arca com as suas consequências”, completou, dizendo que só esclareceria esta questão se uma grande emissora de TV lhe desse espaço.
O ex-presidente reclamou da atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2022. “Eu era proibido de fazer tudo e o outro lado podia fazer de qualquer coisa. Me acusaram de tudo, até da morte da Marielle Franco. Me acusaram de genocida, de misógino, de não gostar de nordestinos e negros. Eles podiam tudo”, disse. “Quem tirou o cara (Lula) da cadeia? Quem o descondenou? Quem botou a mão pesada no TSE? Quem o colocou na Presidência da República, para pagar vexame agora?”, acrescentou.
Não esperava, confesso, aquele resultado (das eleições de 2022). Mas, no dia 1° (de novembro), eu me pronunciei à nação. E comecei dizendo: vão sentir saudades da gente. Ali anunciei que estava indo embora. Falei também que não somos iguais à esquerda. Nós respeitamos a Constituição, a família. Falei muita coisa em um grupo enorme de jornalistas. No dia seguinte, o Brasil estava parado pelos caminhoneiros. E tive a humildade fazer um vídeo pedindo a eles que desobstruíssem as pistas. Se eu quisesse o tumulto, o momento era aquele”, disse Bolsonaro.
Jair Bolsonaro disse que sua equipe fez uma transição pacífica. E lembrou que ela foi elogiada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. “Nós nomeamos dois comandantes a pedido deste cara que está aí agora (Lula). No dia 30 de dezembro, graças a Deus, resolvi sair do Brasil. Algo me fez sair do Brasil. Não era apenas para não passar a faixa. Jamais passaria a faixa para um ladrão”, disse, repetindo duas vezes a última frase.
O ex-presidente acusou a esquerda de ter orquestrado os atos de 8 de janeiro de 2023, antes de chamar de “brutal injustiça” as condenações pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Por isso nós lutamos por anistia, que é um remédio previsto na Constituição, de inciativa própria do parlamento brasileiro. É o caminho da pacificação. E quem colabora com ela faz um gesto de altruísmo. Nós esperamos que esta anistia tenha apoio dos outros dois Poderes”, completou, negando ter havido um golpe naquela ocasião.
Deputada do DF pede anistia
A manifestação tem como principal articulador o pastor Silas Malafaia e o tema “Justiça já!”, em tentativa de pressionar o STF, que julga o ex-presidente e outros membros da cúpula de seu governo pela tentativa de golpe de Estado em 2022. Entre os políticos presentes estão os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).
Também participam do ato o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o senador Magno Malta (PL-ES) e os deputados federais Marco Feliciano (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF). Em seu discurso, a parlamentar de Brasília pediu anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, além de criticar duramente o Judiciário.
Eu vim da Justiça, fui procuradora 24 anos e nunca vi nada parecido com o que estamos vivendo agora. Não existe mais Justiça no Brasil, não existe mais ordenamento jurídico, devido processo legal e ampla defesa. Nada disso é respeitado. A prova disso é esse processo ridículo e fantasioso deste golpe que nunca existiu, e o nosso amado presidente Bolsonaro vítima deste processo, com tantas outras pessoas de valor que deram a vida por este País”, disse, defendendo sanções internacionais.
O governador de São Paulo também discursou no ato. Usando uma camisa azul da Seleção Brasileira, Tarcísio de Freitas representou os outros governadores e manteve o tom de defesa a Jair Bolsonaro. “A gente está aqui para pedir a justiça, a anistia e a pacificação”, disse.
Há pouco tempo a gente viu um presidente da República fazer uma transformação no Brasil. Eu tive o privilégio de trabalhar com ele. Foi o presidente que saneou as estatais, que cuidava das pessoas, que levou água para o Nordeste, que concluiu obras paradas, que não aceitou acordos políticos, que criou o PIX, que salvou empresas com o Pronampe e que sempre olhou para o andar de baixo. E olha o que aconteceu em pouco tempo. Em dois anos e sete meses, esse pessoal jogou tudo no lixo. O Brasil não aguenta mais a corrupção, um gverno gastador e o juro alto. O Brasil não aguenta mais o PT. Fora, PT”, discursou.