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Assexualidade sem preconceito: entenda os subtipos deste espectro

A cultura sexonormativa começa a ser questionada, uma vez que não se enquadra em qualquer patologia. Dados recentes indicam esta orientação em 7,7% das mulheres brasileiras

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O ano começou com alguns temas relevantes em pauta. Um deles tenta desvendar os tipos de **sexualidade e seus subtipos**. Recentemente, a cantora Iza anunciou ser demissexual, bem como Giovanna Ewbank. Bela Gil, por sua vez, se identifica como sapiossexual.

![Foto: Instagram @gioewbank](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Foto_Instagram_gioewbank_d32635ba5a.jpg)

**O assunto foi parar nas novelas.**

Caíque, personagem de **Thiago Fragoso** na trama global **Travessia**, tem chamado atenção. Ele namora Leonor, personagem de Vanessa Giácomo, e apesar de amá-la, vive se desviando dos momentos íntimos. Ele se enquadra no tipo assexual, um dos principais debates desta nova geração.

![Cena de Travessia /Foto: Cortesia ](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Foto_Cortesia_e89f01b26d.webp)

Segundo dados do Programa de Estudos da Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (ProSex-IPq), cerca de **7,7% das mulheres brasileiras e 2,5% dos homens, entre 18 e 80 anos, são assexuais**.

>“Assexualidade é a falta total, parcial ou condicional de atração sexual a qualquer pessoa, independentemente do sexo biológico ou gênero”, afirma Claudia Petry, pedagoga com especialização em Sexologia Clínica, membro da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana.

Segundo ela, apesar de ser mais comum do que se imagina, a assexualidade não é **tão popularizada** como a homossexualidade ou bissexualidade, por exemplo. “_É compreensível, já que a orientação sexual possui muitas particularidades, além de estar menos presente dentre as discussões sobre sexualidade humana_”.

Os principais **subtipos** da assexualidade são: assexual estrito (não sente atração sexual em momento algum); grayssexual (sente atração apenas em determinadas circunstâncias); demissexual (não sente atração quando não há vínculo afetivo) frayssexual (sente atração quando não há um vínculo afetivo formado); sapiossexual (sente atração pela inteligência do outro); arromântico (pode ter relações sexuais, mas não sente atração romântica por outras pessoas); assexual fluído (oscila entre o demissexual e o grayssexual.

![Bandeira assexual/ Foto: Cortesia ](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Foto_Cortesia_32013f2a23.jpeg)

A sexóloga cita mitos e verdades sobre esta orientação. Lembrando que identidade de gênero e orientação sexual são conceitos diferentes.

**Assexualidade é uma escolha**

**Mito**: Algumas pessoas podem optar por não fazer sexo, mas não escolhem não querer sexo. Não se trata de escolha, mas de orientação sexual.

**Assexuais não praticam relações sexuais**

**Mito**: É comum pensar que os assexuais não sentem nenhum desejo sexual ou não fazem sexo. No entanto, mesmo que o sexo não seja essencial, muitos encontram nele uma forma de conexão com parceiros, inclusive para satisfazer o desejo do outro.

**Assexualidade pode ser um distúrbio fisiológico**

**Mito**: De acordo com uma pesquisa da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, os assexuais conseguem ter ereções ou, no caso das mulheres, lubrificação vaginal.

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>“Eles podem, inclusive, ter relações sexuais e experimentar orgasmos, além de gostar de beijos e carícias”, reforça Claudia Petry. Também não há nenhuma disfunção ou distúrbio hormonal que justifique a falta de interesse sexual

**Assexuais podem ter relações amorosas**

**Verdade**: Além de terem relações amorosas, podem namorar e casar. Relacionamentos não são apenas sobre sexo, mesmo entre casais com necessidades sexuais distintas.

>“Os anssexuais experimentam a sexualidade de formas diferentes, mas têm as mesmas necessidades emocionais que pessoas com outras orientações sexuais. Neste caso, o casal precisa ter cumplicidade e diálogo para chegar a um acordo do que é aceitável ou não. Muitas vezes, ambos descobrem o prazer sexual de maneiras inusitadas e acabam conciliando suas diferenças”, diz Petry.

Assexuais não têm filhos

Mito: A escolha de ter filhos ou não independe da orientação sexual, já que os anssexuais produzem hormônios e possuem órgãos sexuais e reprodutivos como qualquer pessoa. Portanto, assexuais podem ter filhos, se assim desejarem.

**Assexual pode ser chamado de assexuado**

**Mito**: Assexuado é um termo usado para indicar a ausência de órgãos sexuais ou, conforme definições da biologia, a reprodução que acontece sem intervenção de dois sexos. Sendo assim, não há qualquer relação com a assexualidade.

Assexualidade não tem relação com traumas ou abusos

**Verdade**: Pessoas que passaram por abusos ou experiências sexuais negativas podem continuar sentindo desejo sexual, mas o medo pode bloqueá-las de alguma maneira. “Já a assexualidade não surge a partir de traumas ou porque a pessoa não consegue encontrar um parceiro ideal”, pontua Claudia Petry.

**Assexuais sofrem preconceito**

**Verdade:** Assim como os outros LGBTQIA+, os assexuais enfrentam discriminação pela falta de entendimento dessa orientação sexual. Não reconhecer a existência desse grupo pode gerar transtornos depressivos e dificuldade de socialização.

>“A assexualidade não se enquadra em qualquer patologia. Portanto, a melhor forma de mudar esse cenário é se informar e desvincular a imagem do assexual a de alguém doente ou fora de uma cultura sexonormativa”, finaliza Claudia Petry.