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Asma continua causando número elevado de mortes no Brasil

A asma é uma condição crônica que afeta milhões de brasileiros, representando um desafio significativo para o sistema de saúde do País. De acordo com Paulo Corrêa, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), cerca de 20 milhões de adultos no Brasil têm essa condição respiratória, com diferentes graus de gravidade, sendo que entre 5 a 10% desses casos são classificados como asma grave.

Zuleid Mattar, da Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA), destaca que apenas uma pequena parcela das pessoas com asma, aproximadamente 12,3%, mantém a condição controlada. A maioria enfrenta níveis variados de falta de controle, o que pode resultar em exacerbações frequentes e complicações severas. Para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida das pessoas com asma, Sonia Martins, da CAPA | GEPRAPS afirma que estratégias envolvendo a Atenção Primária à Saúde têm mostrado impactos positivos ao facilitar o acesso precoce ao diagnóstico e ao tratamento adequado

Além dos desafios clínicos, as barreiras socioeconômicas continuam a ser obstáculos significativos para muitas pessoas com asma. Flávia Lima, da ABRAF, observa que a falta de acesso regular a medicamentos essenciais, especialmente através do Sistema Único de Saúde (SUS) e da farmácia popular, é uma preocupação central. Ela alerta que medicamentos essenciais para os cuidados da asma estão restritos às farmácias de alto custo, distantes da atenção primária e da maior parte da população. Ao mesmo tempo, Pedro Presta Dias, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, do Ministério da Saúde, destaca iniciativas recentes para mitigar esses desafios. Isso inclui a ampliação do acesso a tratamentos eficazes e a implementação de políticas de saúde voltadas para a educação contínua de pessoas com asma e profissionais de saúde.

Álvaro Cruz compartilha que em Salvador estão sendo oferecidos ambulatórios de referência para pessoas com asma grave, alcançando uma redução de 74% nas hospitalizações por asma em todo o município nos primeiros três anos de funcionamento do programa PróAr. “Posteriormente, observamos uma redução de 29% na mortalidade ao longo de 10 anos. Outros municípios no Brasil também implementam iniciativas bem-sucedidas, embora em menor escala e sem um programa de capacitação e pesquisa acoplados, como é o caso do PróAr, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como modelo de demonstração”. O especialista revela ter trabalhado na OMS entre 2006 e 2008, onde o foco também era a capacitação dos profissionais da atenção primária.

Sonia Martins, representante do Grupo de Estudos e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária (GEPRAPS), enfatiza que, embora a asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) sejam prevalentes, muitas vezes o cuidado se limita ao tratamento das crises agudas, ignorando o potencial de intervenção precoce e de manejo contínuo. Álvaro Cruz acrescenta que a falta de conscientização e capacitação adequada contribui significativamente para o subdiagnóstico e tratamento inadequado dessas condições, destacando a necessidade urgente de programas educacionais contínuos e campanhas de saúde pública direcionadas.

Maria José Evangelista, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), ressalta os desafios estruturais enfrentados pelo sistema de saúde brasileiro na organização da atenção primária. Ela enfatiza a necessidade de integrar os diferentes níveis de atenção à saúde, garantindo que a atenção primária seja fortalecida com capacitação adequada e suporte contínuo. Pedro Presta Dias sublinha a necessidade de políticas públicas robustas para enfrentar fatores de risco como tabagismo e poluição do ar, que contribuem para o aumento da incidência de doenças respiratórias crônicas.

É crucial lembrar que a asma é uma condição tratável, embora ainda ocorram de 5 a 6 mortes por dia e cerca de 250 crianças morram anualmente devido à condição, como enfatiza Zuleid Mattar Enquanto o Brasil avança em direção a melhores cuidados para a asma, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as pessoas com asma tenham acesso equitativo a tratamentos eficazes e cuidados coordenados. Mark Barone, fundador do FórumCCNTs, ressalta que ‘a colaboração entre os setores público, privado e terceiro setor é essencial para enfrentar os desafios persistentes e melhorar os resultados de saúde para aqueles que vivem com asma no país.’ Para mais informações visite o site do FórumCCNTs.

Estadão Conteúdo

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