No pulsar da capital brasileira, uma entidade se destaca como guardiã da tradição carnavalesca e dos laços comunitários: a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc).
Fundada em 1961 por moradores do Bairro do Gavião – hoje Cruzeiro -, nos fundos da casa de Paulo Costa, na Quadra 14, a A escola de samba floresceu como uma celebração do espírito carioca transplantado para Brasília, o coração do país.
A escolha de iniciar uma agremiação teve forte influência dos fundadores, que em sua maioria, eram recém-chegados a Brasília vindos do Rio de Janeiro. Desde os primeiros passos, a Aruc mostrou força no Carnaval local, com uma sequência de cinco títulos seguidos, de 1965 a 1969.
Batizada por Natal da Portela, a escola azul e branco do Cruzeiro teve uma trajetória de muitas alegrias, mas também crises que deixaram marcas. Episódios como a desclassificação por ter reduzido número de integrantes em 1974 e o sumiço da bandeira no desfile de 1979 marcaram uma década de problemas, mas com uma inevitável “volta por cima”.
Ainda na década 70 a Aruc inaugurou um departamento de esportes, que atua até hoje em diversas modalidades. Assim como no samba, a escola consagrou vitórias nos desportos. Entre os principais troféus, destaque para o Campeonato Brasiliense de Futsal adulto em 1981, a Taça Brasil de Futsal Feminino em 1990 e a Copa Mercosul de Handebol, em 2005.
No final deste período, veio a consolidação da Aruc como a maior escola de samba do DF, sob o comando do presidente Nilton de Oliveira, o Sabino. Mas foi no final da década 1980 e início dos anos 1990 que o auge veio, com o, até hoje recorde nacional, octacampeonato seguido do samba de Brasília.
O tempo passou e a associação continuou influenciando o Carnaval e outras áreas culturais da região. Em 2009, a Aruc foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal.
“São poucas instituições com esse título, e nós fizemos por merecer, por tudo que foi construído ao longo de mais de 60 anos de história”, afirmou Rafael Fernandes de Souza, atual presidente da entidade.
A última década não foi animadora para as escolas de samba do DF. Nos últimos 11 anos, apenas em 2023 houve desfile e, em 2024, o cancelamento se repetiu. Mesmo assim, a ARUC continua com programação para o Carnaval.
“A ARUC mantém uma programação de desfiles no Cruzeiro, é o chamado desfile de rua, e tem dado muito certo, a comunidade participa com muita vontade e esperamos fazer um grande Carnaval neste ano, mesmo sem desfiles”, contou Rafael Fernandes.