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Artigo: ‘Tristeza, quem ela é?’

Na maioria das vezes, o motivo desse sentimento pode ser consequência de fatores externos e profissionais, como pressões por metas e ambiente tóxico

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_Setembro Amarelo_ foi o mês dedicado à prevenção e combate ao **suicídio**, oriundo em grande parte da **depressão**. Por este motivo, resolvemos escrever sobre a **TRISTEZA**. O que ela é e move em nós? Por que nos atinge? Diariamente somos acometidos por uma **insatisfação** em virtude de sentimentos e situações diversas, onde o descontentamento costuma nos atingir e fazer com que não demos o devido valor à **beleza** de tudo que possuímos: como a **saúde, o carinho e a companhia** das pessoas que apreciamos, a presença de um amigo, o amor, aquilo que às vezes não se repetira no dia seguinte, afinal a vida é repleta de ciclos que se iniciam e terminam.

Chego à conclusão de que a tristeza é um sentimento **intrínseco** ao ser humano e de que sua presença é a certeza de que um dia a alegria existiu, que para sermos capazes de entender tanto uma quanto a outra é preciso senti-las.

Nomearei a tristeza de **“amiga fiel”**, que caminha próxima às boas **lembranças** e **memórias**. Ela chega, senta-se ao nosso lado, nos faz companhia e em alguns momentos nos abraça. Sabemos que ela está ali, sua presença é quase **tangível** e não nos abandona, ela anda de braços dados com a ausência e a **saudade**, de algo ou alguém, que talvez tenha trazido, e ainda traz, marcas avassaladoras em nossas vidas, por este motivo, não a vejo como um **“bicho-papão”**.

![(Foto: Unsplash)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/claudia_wolff_ow_Bcefxgr_IE_unsplash_57225e7923.jpg)

Na maioria das vezes sabemos que o motivo da tristeza estar ali pode ser consequência de fatores **externos** e **profissionais**. Pressões por metas e ambiente corporativo toxico podem levar a doenças mentais, _burnout_ e, tristemente, ao suicídio. Antes da _pandemia_, tais temas eram considerados tabus nas empresas, a grande maioria dos colaboradores tinham medo de falar sobre saúde mental devido as retaliações, mas a pandemia mudou muito este cenário.

Ninguém saiu mentalmente ileso da pandemia, mesmo aqueles que não contraíram a covid ou não perderam um ente querido, vivia em medo constante de ser contaminado. As mídias somente falavam diariamente dos milhões de mortos e este entorno contribuiu para desencadear **problemas mentais**.

Com o fim da pandemia, falar sobre doenças mentais, burnout e suicídio passou a ser uma constante, afinal, somos humanos e não máquinas sem **sentimentos**. Entretanto, o mundo corporativo não estava preparado para esta nova **cobrança**. Ter um ambiente corporativo saudável e ter canais internos para poder livremente falar de problemas mentais sem retaliações se transformou em uma obrigação das empresas.

![(Foto: Unsplash)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/alex_kotliarskyi_Q_Bp_Z_Gq_E_Ms_Kg_unsplash_1d48f2211e.jpg)

**Colaboradores**, principalmente em países de pleno emprego, tem abandonado suas posições ou não aceitam novos cargos ou outras **oportunidades** sem ter a certeza que o ambiente corporativo será saudável e que a empresa demonstra estar preocupada com estes temas.

A grande questão a ser encarada é como as empresas irão lidar com esta nova **demanda** dos colaboradores, algumas empresas estão investindo em **programas internos** voltados à saúde mental, já outras esperam o pior acontecer para tomarem uma ação. Tivemos este ano uma tentativa de suicídio de um jovem de 19 anos que se jogou da janela do próprio escritório onde trabalhava. Fica a pergunta: será que ninguém notava que o ambiente era **tóxico**? Ou a mentalidade ultrapassada e a velha expressão “somente os fortes sobrevivem” ainda era parte do DNA desta empresa?

Sim, temos um novo aspecto para trabalhar dentro das empresas, algo que não pode ser somente delegado para o **Departamento de Recursos Humanos**, trata-se de um assunto **multidisciplinar** e voltado para o comportamento da alta direção, que deve colocar nas pautas das **reuniões** um indicador-chave de performance sobre tais temas e monitorar a evolução ou involução do ambiente corporativo. Ademais, não basta estar no papel, **programas internos** devem ser criados e **implementados** urgentemente, mas, principalmente, treinar os **líderes** sobre estes temas de forma técnica e cortar na raiz qualquer tipo de “bias” ou **preconceito** contra estes.

Sendo assim, cada vez mais, as empresas serão avaliadas pelo seu ambiente interno e somente as que enfrentarem os problemas olhando diretamente nos olhos destes irão conseguir ter colaboradores **felizes, produtivos e colaborativos**.

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_* Patricia Punder, advogada e CEO da Punder Advogados Thiago Penna, gestor regional de pessoas e projetos e professor em Diversidade, Equidade e Inclusão_