Por Aurelio Maduro*
O mundo tem enfrentado mudanças climáticas que, por décadas, foram previstas e alertadas pelos cientistas. Estes mesmos especialistas têm sugerido medidas imediatas para reverter esses fenômenos, que impactam diretamente a produção de alimentos, a saúde, a temperatura global, o aumento do nível dos oceanos devido ao derretimento das geleiras e até mesmo a extinção de espécies.
Desde o Acordo de Paris, em 1988, 198 países signatários se comprometeram a metas ambiciosas, entre elas, a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2). Este tratado é amplamente considerado a maior conquista global em termos de cooperação para mitigar os efeitos do aquecimento global.
Hoje, empresas, instituições e até mesmo cidadãos comuns podem realizar o inventário de suas emissões de CO2. Nossas atividades diárias – como o uso de carros, consumo de energia e desperdício – contribuem para esse processo. A solução amplamente aceita foi a criação do mercado voluntário de créditos de carbono. Resumidamente, esse sistema quantifica as toneladas de carbono preservadas a partir de atividades de conservação da natureza e, em seguida, possibilita a negociação desses créditos.
Um ponto crucial nesse mercado é a certificação, que garante que o crédito negociado reflete de fato a preservação realizada. Além disso, o registro das transações é obrigatório, assegurando que o mesmo crédito não seja vendido mais de uma vez.
Atualmente, o processo de certificação no Brasil é realizado por certificadoras internacionais, o que envolve altos custos. De acordo com a consultoria McKinsey, o Brasil utiliza apenas 1% de sua capacidade de geração de créditos de carbono. Nesse cenário, é urgente que empresas públicas, privadas, governos, bancos e gestores priorizem as certificadoras nacionais. O Brasil, que sempre esteve na vanguarda dos debates ambientais, conta com instituições de pesquisa renomadas, universidades de ponta e cientistas altamente qualificados. Em breve, além de exportar créditos de carbono, o país poderá também exportar sua metodologia de certificação.
O mercado de carbono certificado “Made in Brazil” é uma oportunidade estratégica para que o país consolide sua liderança no cenário ambiental global.
*Aurelio Maduro de Abreu é mestre pela George Washington University, doutorando pelo IDP, foi executivo em empresas como IBM, TELEFONICA, Votorantim, CLIA/ABREMAR, Grupo FSB. Atualmente é Presidente do I3GS, professor na Especialização em Compliance e Governança da UnB e professor colaborador na Faculdade de Tecnologia da mesma instituição.