Artigo: ‘Chief Happiness Officer: o que mudou com a chegada do cargo’

Foi a conversa com uma executiva que admiro que trouxe um insight: muitas organizações concluíram com sucesso uma primeira curva de aprendizado sobre saúde mental, bem-estar e felicidade no trabalho. Os anos de pandemia exigiram um letramento rápido com oferta imediata de assistência e ações para promover algum bem-estar em meio ao caos. É preciso reconhecer o esforço hercúleo das equipes de Gente & Gestão e os resultados alcançados.

 

Introduzimos a Certificação Internacional Chief Happiness Officer no Brasil em março de 2020, exatamente na semana em que foi anunciada a pandemia de Covid-19. Nós, professores, e os 22 primeiros certificados no País não fazíamos ideia do quanto cuidar das pessoas dentro das organizações se tornaria vital tão logo aquele encontro acabasse. Menos ainda, o quanto felicidade e trabalho seriam conjugados juntos – nas editorias de negócios e economia, nos fóruns de gestão e nos conselhos de administração. 

 

Em breve certificaremos o 400º CHO e este marco nos incita a revisitar o percurso para compreender o que mudou no cargo que chegou ao Brasil junto com um dos maiores desafios do nosso tempo. Em primeiro lugar o escopo: tornou-se imprescindível tratar a felicidade no trabalho como um dos elementos sob o amplo guarda-chuva da saúde mental. Profissionais de felicidade passaram a obter melhores resultados ao atuar em comitês transdisciplinares, com a participação de representantes das equipes de saúde, segurança, medicina do trabalho, sustentabilidade, entre outros. 

 

Foto: Unsplash

 

Outra mudança observada nos últimos anos foi o rápido avanço no uso de pesquisas – o que é primordial para uma acertada iniciativa de felicidade no trabalho. Nesse sentido, as HR Techs foram decisivas, oferecendo soluções quando a maior parte das organizações não possuía expertise para conduzir aferições regulares. Entre as competências do Chief Happiness Officer no pós-pandemia está a tomada de decisões ancorada em dados – como dizemos: é preciso gostar de pessoas e de números.

 

Nos últimos anos, também ampliamos o currículo da Certificação CHO com a inserção do módulo ESG, no qual abordamos a Sustentabilidade Humana – o “S” visto da porta para dentro das organizações. Esgotar o capital humano é um dos grandes riscos corporativos da atualidade. Além disso, as evidências da relação Sustentabilidade-Felicidade crescem exponencialmente, tendo a temática sido abordada na edição 2023 do Relatório Mundial da Felicidade editado pela ONU. 

 

Quando olhamos para o momento atual, vemos Chief Happiness Officers finalmente ascendendo ao nível estratégico, garantindo suas cadeiras no board e influenciando as macroestratégias. Estão presentes em empresas privadas e públicas, organizações do terceiro setor e no cooperativismo. Crescem em relevância a partir de uma atuação transversal, a bordo de uma mentalidade data driven e com uma perspectiva de sustentabilidade de amplo escopo. 

 

Que venha a segunda e promissora curva de aprendizado sobre o cuidado com quem trabalha e seu impacto no ecossistema de negócios. Mais que otimistas, estamos prontos para novos avanços.

 

 

*Carla Furtado: diretora do Instituto Feliciência e autora do livro Feliciência: Felicidade e Trabalho na Era da Complexidade”. Docente de Psicologia Positiva na PUCRS e no Hospital Albert Einstein. Pesquisadora Científica na USP e na Universidade Católica de Brasília.

 

 

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