Arquiteturas indígenas e quilombolas pautam evento do setor

Na Conferência CAU 2025, palestrantes destacaram os saberes ancestrais como caminhos para cidades mais sustentáveis

A Conferência Internacional CAU 2025 se consolidou como um espaço de diálogo essencial para o setor da arquitetura e urbanismo, reunindo diferentes olhares sobre o futuro das cidades. Entre os debates que mais se destacaram, o painel Arquiteturas Quilombolas e Indígenas trouxe à tona a importância dos saberes tradicionais, revelando como espiritualidade, resistência e ancestralidade podem inspirar novas formas de habitar e planejar o território urbano.

A discussão mostrou que valorizar essas práticas não é apenas reconhecer a diversidade cultural do Brasil, mas também apontar caminhos concretos para a construção de cidades mais inclusivas, humanas e sustentáveis. A arquiteta e urbanista Riciane Pombo, da Câmara Temática Indígena do CAU/SP, destacou que as chamadas soluções baseadas na natureza não representam uma inovação, mas um resgate.

“Quem sempre soube cuidar dos biomas que hoje tentamos recuperar?”, questionou, lembrando que povos tradicionais há séculos praticam estratégias que hoje voltam a ser vistas como alternativas para enfrentar as crises climáticas e ambientais. “O futuro é ancestral”, afirmou, colocando em pauta a importância de valorizar práticas que unem funcionalidade, coletividade e respeito à natureza.

O arquiteto e urbanista indígena João Paulo Kayoli destacou, por sua vez,  que a arquitetura indígena vai além das construções físicas. “A arquitetura indígena é viva e contemporânea”, afirmou, ressaltando sua força na sustentabilidade, no design biofílico e na valorização da coletividade. Para ele, políticas públicas precisam ouvir e integrar os saberes das comunidades em vez de impor modelos externos.

Já a arquiteta, urbanista e artista visual Andrea Mendes emocionou o público ao compartilhar a experiência do Quilombo Anastácia, em Araras (SP), onde casas de terra são erguidas em mutirões como forma de resistência cultural, espiritual e ambiental. “A nossa arquitetura é social, mental e ambiental”, afirmou mostrando imagens de casas circulares erguidas coletivamente, em mutirões.

Andrea também denunciou episódios de racismo ambiental enfrentados pela comunidade. Em junho deste ano, um incêndio criminoso devastou parte das plantações e destruiu árvores de mais de 30 anos. “Não podemos falar de sustentabilidade sem falar de racismo ambiental”, alertou.

O debate mostrou que, diante de uma crise ambiental sem precedentes, as respostas para o futuro podem estar justamente naquilo que os povos originários e quilombolas sempre souberam, construir em harmonia com a terra, com respeito à coletividade e à vida.

 

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