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Argentina inicia nova era cambial com desvalorização do peso e disparada nos mercados

Fim do controle de câmbio impulsiona ações e títulos, enquanto governo Milei firma acordo bilionário com FMI

A economia argentina iniciou a semana com movimentos bruscos nos mercados financeiros. Nesta segunda-feira (14), apenas como exemplo, o peso argentino sofreu desvalorização de 11,38% frente ao dólar, marcando 1.196,31 pesos por unidade da moeda americana.

A queda ocorre após o governo de Javier Milei dar início à flexibilização do chamado “cepo cambial”, sistema de restrições vigente desde 2019.

A nova política permite que o câmbio flutue entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar, faixa que será reajustada mensalmente em 1%. A medida representa uma ruptura com o regime anterior, que impunha limites rígidos à compra de moedas estrangeiras por empresas e cidadãos, e busca estimular a entrada de capitais e a recuperação das exportações.

O anúncio da medida, feito pelo Banco Central da Argentina na última sexta-feira (11), também veio acompanhado de um acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Desse total, US$ 12 bilhões devem ser repassados ainda nesta semana, o que permitirá a recapitalização do BC argentino. O país se comprometeu com superávit fiscal de 1,3% do PIB em 2025 e deverá acumular US$ 4 bilhões em reservas internacionais até o fim do ano.

Segundo o ministro da Economia, Luis Caputo, o pacote de mudanças representa um passo crucial para construir uma moeda mais saudável e avançar na desinflação. A expectativa do governo é de que a desregulamentação do câmbio estimule o fluxo de investimentos estrangeiros e aumente a competitividade das exportações argentinas.

A resposta dos mercados foi imediata. O índice S&P Merval, que reúne as ações mais negociadas da Bolsa de Buenos Aires, saltou 4,70%. Companhias argentinas listadas nos EUA também registraram valorização expressiva, como o Grupo Supervielle (18,07%), Banco Macro (15,41%) e BBVA Argentina (14,78%).

“A retirada de restrições como o ‘cepo’ tende a criar um ambiente mais saudável para o mercado, especialmente no médio e longo prazo”, avaliou o economista André Galhardo, da consultoria Análise Econômica. “Além de reduzir a presença do Estado na economia, amplia o espaço para o funcionamento normal das forças de mercado.”

Outro ponto relevante anunciado por Milei é o fim do “grampo do dólar”, que impedia empresas de remeter lucros ao exterior. Com isso, espera-se a reativação do interesse de multinacionais e o retorno do país ao radar dos investidores globais.

O FMI destacou que a desregulamentação é parte da transição para um sistema bimonetário flexível, em que peso e dólar coexistam sem interferência estatal. O acordo também prevê o uso de US$ 5 bilhões oriundos de um swap com a China e a liberação de US$ 6,1 bilhões por outros credores multilaterais.

Economista da Bloomberg Economics, Adriana Dupita afirmou que o antigo câmbio fixo desestimulava exportações e fomentava importações, agravando o déficit da balança comercial. Com a nova política, a expectativa é de reversão desse cenário e maior entrada de divisas.

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