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Após polêmica, Iphan vai vistoriar obras de atacadão dentro do Estádio Nacional de Brasília

Projeto da área, previsto para receber diversos empreendimentos, enfrenta desvio de finalidade
Obras de atacadão no Estádio Nacional
Obras de atacadão no Estádio Nacional | Foto: Jorge Eduardo Antunes

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A construção de um atacadão no Setor de Recreações Públicas Norte (SRPN), ao lado do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, reacendeu debates sobre o desvio de finalidade do projeto urbanístico dentro da área tombada da capital federal. A reportagem foi publicada pelo GPS|Brasília

O local, concedido pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para a Arena 360 em 2019, deveria abrigar edificações de lazer e esportes, conforme um concurso público promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). No entanto, a instalação de um empório no espaço gerou críticas de especialistas e entidades ligadas à preservação do patrimônio.

Ao GPS|Brasília, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmou que realizará uma vistoria técnica no local para verificar se a nova construção faz parte do projeto aprovado em 2019.

“Vamos avaliar se a intervenção se alinha às etapas previstas”, declarou o órgão (veja a íntegra da nota abaixo).

O projeto original previa uma série de construções, como cinemas, teatros, restaurantes e quadras esportivas, com o objetivo de revitalizar a região. Entretanto, o andamento das obras foi prejudicado pela pandemia de covid-19, que atrasou o cronograma e forçou a redefinição de alguns pontos.

Desvios no projeto 

A construção de um atacadão, administrado pelo grupo Costa, está em ritmo acelerado e já pode ser vista por quem passa nas proximidades do portão 18 do Estádio Mané Garrincha. A Arena 360, responsável pela administração do complexo esportivo, nega que se trate de um atacado e afirma que a edificação se aproxima mais de uma loja conceito.

“Estamos em obra para a construção de um empório. Será uma loja conceito do grupo Costa próximo à Arena BRB Mané Garrincha”, informou a assessoria da Arena 360. O alvará de construção está afixado no local, porém, sem detalhes sobre a construtora responsável.

A ausência de informações detalhadas e o desvio de finalidade provocaram críticas da comunidade de arquitetos. Luiz Eduardo Sarmento, presidente do IAB-DF, expressou preocupação com as mudanças realizadas no projeto original.

“O Instituto de Arquitetos vê com muita preocupação a não execução das obras conforme o projeto escolhido por meio de concurso público. A luta foi para garantir que esse espaço fosse requalificado seguindo um plano democrático e de qualidade, e não para ser utilizado como interesse exclusivo do concessionário”, criticou Sarmento.

Concessão

A concessão da Arena 360, firmada em 2019, inclui o pagamento anual de R$ 5,05 milhões a partir de 2026, além de 5% do faturamento do complexo. No entanto, a empresa já vem gerando receita com iniciativas como o licenciamento de painéis digitais e o Mané Mercado, sem ainda ter desembolsado valores pelo contrato.

A reportagem tentou contato com o Grupo Costa para comentar a construção, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

Veja a nota completa do Iphan:

“Em 2019, o Governo do Distrito Federal (GDF) realizou concurso público de projetos de arquitetura para o Setor de Recreações Públicas Norte (SRPN), considerando a possibilidade de exploração de um potencial construtivo correspondente a milhares de metros quadrados de área, que englobam edificações de caráter esportivo, de lazer e comércio associados.

O projeto vencedor, que à época foi apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), teve sua implantação fortemente impactada pela Pandemia de covid-19, que alterou o cronograma de obras e demandou a redefinição de alguns dos pontos do projeto.

Diante das recentes notícias a respeito da construção de edificação na área, o Iphan irá realizar vistoria técnica para avaliar se a intervenção compõe uma das etapas do projeto”, finaliza.