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Alvo da PGR, Juscelino Filho confirma pedido de demissão do Ministério das Comunicações

Ministro oficializou saída em carta para Lula e, com isso, União Brasil já negocia substituto com o Planalto para manter espaço

Alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas parlamentares, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), decidiu pedir demissão do cargo. A medida foi articulada em almoço com lideranças do partido e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), nesta terça-feira (8), em Brasília.

A defesa do ministro declarou, mais cedo, não ter sido notificada sobre a denúncia da PGR e negou qualquer irregularidade cometida pelo político.

Apesar disso, o ministro entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma carta para oficializar o desligamento. No documento, o agora ex-titular da Esplanada dos Ministérios confirmou a saída do governo para retornar à cadeira na Câmara dos Deputados.

“A decisão de sair agora também é um gesto de respeito ao governo e ao povo brasileiro. Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá!”, escreveu. 

Leia a íntegra do documento:

“Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública. Solicitei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva meu desligamento do cargo de ministro das Comunicações. Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando.

Nos últimos dois anos e quatro meses, vivi a missão mais desafiadora — e, ao mesmo tempo, mais bonita — da minha vida pública: ajudar a conectar os brasileiros e unir o Brasil. Trabalhar por um país onde a inclusão digital não seja privilégio, mas direito. Levar internet onde antes só havia isolamento. Criar oportunidades onde só havia ausência do Estado.

Tive o apoio incondicional do presidente Lula. Um líder a quem admiro profundamente e que sempre me garantiu liberdade e respaldo para trabalhar com autonomia e coragem. Nunca tive apego ao cargo, mas sempre tive paixão pela possibilidade de transformar a vida das pessoas — especialmente das que mais precisam.

A decisão de sair agora também é um gesto de respeito ao governo e ao povo brasileiro. Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá!

Retomarei meu mandato de deputado federal pelo Maranhão, de onde seguirei lutando pelo Brasil. Com o mesmo compromisso, a mesma energia e ainda mais fé.

Saio do Ministério com a cabeça erguida e o sentimento de dever cumprido. O Brasil está em outro patamar. Estamos levando banda larga a 138 mil escolas, destravamos o Fust – que estava parado há mais de duas décadas – para investimento de mais de R$ 3 bilhões em projetos de inclusão digital, entregamos mais de 56 mil computadores em comunidades carentes, estamos conectando a Amazônia com 12 mil km de fibra óptica submersa e deixamos pronta a TV 3.0, que vai revolucionar a televisão aberta no país.

É esse legado que deixo. E é com ele que sigo, de pé, lutando por justiça, pela democracia e pelo povo brasileiro.

Meu agradecimento a toda a minha equipe, ao presidente Lula, mais uma vez, ao meu partido União Brasil e, em especial, ao povo do Maranhão que me escolheu para ser seu representante na vida pública. Me orgulha muito ser maranhense e poder ter contribuído com meu Estado e meu País.

Juscelino Filho”

PGR

A  saída de Juscelino ocorre em meio ao avanço das investigações e à crescente pressão política dentro e fora do governo. O encontro que selou sua demissão ocorreu na residência do presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, e contou com a presença de lideranças da sigla, além da ministra Gleisi Hoffmann, que representou o Palácio do Planalto nas conversas.

Nos bastidores, o recado de Gleisi teria sido claro: o governo esperava que o próprio Juscelino tomasse a iniciativa de deixar o posto, evitando assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tivesse de demiti-lo oficialmente.

Após o almoço, os caciques do União Brasil se reuniram sem a presença da ministra para sacramentar a decisão. A avaliação da cúpula do partido foi a de que permanecer no governo tornaria Juscelino ainda mais vulnerável às investigações e desgastaria o espaço da legenda na Esplanada.

No encontro, o ministro foi aconselhado a “se preservar” e apresentar sua carta de demissão diretamente ao presidente Lula ainda nesta terça-feira.

O União Brasil, no entanto, trabalha para manter o comando da pasta das Comunicações. O nome mais cotado para substituir Juscelino é o do atual líder da legenda na Câmara, deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), que esteve presente no encontro com Gleisi e tem bom trânsito tanto com o Planalto quanto com a bancada.

Pedro Lucas, inclusive, acompanhou Lula na recente viagem oficial ao Japão e ao Vietnã, em março, o que fortaleceu sua posição dentro do partido e junto ao núcleo político do governo.

A decisão de Juscelino de pedir demissão também vem ao encontro de uma promessa feita por Lula em 2024. À época do indiciamento do ministro pela Polícia Federal, o presidente afirmou que, caso a PGR oferecesse denúncia, ele seria afastado.

Se o procurador indiciar você, você sabe que tem que mudar de posição — disse Lula em entrevista ao UOL. — Se for aceito, vai ser afastado “, completou o presidente na ocasião.

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