A presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepo-DF), Cláudia Alcântara, afirmou, na noite desta quarta-feira (7), que a categoria decidiu ingressar em ‘estado de assembleia” após o Palácio do Planalto sinalizar que a proposta elaborada pelo governo do Distrito Federal que trata da recomposição das forças de segurança do Distrito Federal poderia ser descumprida.
“Ficou decidido que nós estaremos em ‘estado de assembleia’ até a próxima terça-feira (13), quando realizaremos uma nova assembleia geral dos delegados. Essa assembleia geral será realizada aqui no Clube dos Delegados, ocorrerá às 15h, e nós contamos com a presença de todos os delegados, porque nós decidimos que nós queremos que o governo federal cumpra um acordo que foi feito no plenário do Congresso Nacional e que sejam cumpridos nos moldes da mensagem que o governo do Distrito Federal encaminhou ao governo federal“, disse a delegada.
Na prática, a decisão sindical representa que a categoria está em “alerta” e poderá “parar” em algum momento, caso não haja interlocução sobre a pauta da Polícia Civil, que reivindica a recomposição de 18% na remuneração da categoria.
O reajuste é pauta antiga das forças de segurança do DF, mas constantemente sofre atropelo e acaba sendo postergada, sob a justificativa de que não caberia dentro do Fundo Constitucional (FCDF), repasse da União que, dentre outras prioridades, cobre gastos com a segurança pública da capital.
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Greve
Segundo o presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz (MDB), que é oriundo da PCDF, já houve um cálculo e o resultado permitiria a liberação do reconhecimento. Contudo, continuou o deputado, há resistência dentro do governo federal para autorizar o reajuste, que também contemplaria a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do DF, por exemplo.
Ele voltou a dizer que deve apoiar uma possível greve da Polícia Civil (PCDF), caso o governo federal não cumpra o acordo de autorizar o reajuste das forças de segurança do Distrito Federal.
“É um momento de prudência, de responsabilidade e, acima de tudo, de coragem, porque nós não podemos permitir que imponha-se uma vontade, atropelando o gestor do Fundo [Constitucional], onde os recursos estão disponíveis, onde todo o rito legal foi cumprido. E a polícia vai reagir. Nós não vamos aceitar. Eu sou o primeiro, porque disse isso lá no Sinpol [Sindicato dos Policiais] e digo isso aqui: se tiver esse movimento, eu quero estar junto“, discursou.
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Presidente da CLDF vai apoiar greve da PCDF caso reajuste não seja cumprido
Veja o discurso no Sindepo-DF:
Reinvindicações
Segundo Wellington Luiz, a reivindicação da categoria é justa, uma vez que estudos feitos por técnicos garantem que há disponibilidade no Fundo Constitucional para autorizar o benefício.
“A remuneração não está em jogo agora, não. É o respeito e a nossa vida daqui pra frente. Porque o que aconteceu naquele dia, na reunião, quando o técnico resolveu descaracterizar completamente a a vontade do gestor do Fundo [Constitucional], é inaceitável, é inadmissível. Ele mexeu no número de parcelas, ele entendeu que o delegado em fim de carreira e o policial no final de carreira não deveriam ganhar um percentual a mais, ele resolveu que seria daquela maneira inacreditável“, disse.
O governo federal, que é responsável por deliberar sobre a recomposição das forças de segurança do DF, sugeriu que o reajuste seria possível, desde que parcelado em três anos. O gesto desagradou as corporações, especialmente a Polícia Civil.
Após a reação das categorias, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria acenado positivamente para sanar a recomposição salarial das forças de segurança.
“O presidente perguntou se havia alguma questão orçamentária e a gente disse que não e o próprio senador Randolfe Rodrigues já recebeu essa orientação do governo de encaminhar realmente o PLN com 18% para a PCDF“, disse o senador.