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Após ataque do Hamas, Hezbollah ameaça norte de Israel

Ações da Síria também preocupam, pela multiplicidade frentes de batalha que podem surgir nos próximos dias
Colinas de Golan
As Colinas de Golan marcam uma disputa histórica entre Israel e a Síria. Foto: Reprodução

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Após o governo de Israel afirmar que recuperou o controle de cidades do sul do país, limpando a área dos terroristas do Hamas ainda ativos, e preparar uma ofensiva por terra contra Gaza, a preocupação passa a ser também as fronteiras de Líbano e Síria, no norte. Segundo o Exército de Israel, 15 foguetes foram disparados do Líbano em direção a Galileia, acionando sirenes de alerta em várias cidades. Quatro projéteis foram interceptados pelo sistema de defesa Domo de Ferro, enquanto o restante caiu em áreas abertas, sem causar danos ou feridos.

Pelo menos um desses disparos foi de um míssil antitanque reivindicado pelo Hezbollah. O grupo xiita domina o sul do Líbano e autoridades israelenses acreditam que nada aconteça sem o aval dele. Por isso, em resposta, helicópteros atacaram três alvos do Hezbollah.

O Exército de Israel também bombardeou ontem posições na Síria, depois que morteiros sírios foram lançados sobre as Colinas do Golan – caindo em áreas isoladas e sem causar danos. O risco de um confronto com os sírios e com os militantes libaneses é abrir novas frentes da guerra, dividindo as atenções de Israel. O governo de Bashar Assad, o Hezbollah e o Hamas recebem apoio incondicional do Irã, o que teria potencial para escalar o conflito no Oriente Médio.

Na terça-feira (10), funcionários de inteligência dos EUA disseram ao jornal Washington Post que havia indícios fortes de apoio iraniano ao ataque de sábado. Em entrevistas, 12 analistas e especialistas militares expressaram espanto com a sofisticação do atentado do Hamas. Embora o grupo tenha uma milícia capaz e linhas de montagem próprias para foguetes e drones, um ataque da escala de sábado teria sido extremamente desafiador sem uma ajuda externa considerável ao Hamas. “A quantidade de treinamento, logística, comunicação, pessoal e armas deixa pegadas evidentes. Isso sugere o envolvimento iraniano, dada a complexidade do ataque”, disse Marc Polymeropoulos, ex-oficial de operações da CIA.1

Teerã negou um papel direto no ataque, mas ao mesmo tempo elogiou os militantes do Hamas. “Vocês deixaram a comunidade islâmica feliz com essa operação inovadora e vitoriosa”, disse a agência de notícias do Irã Irna citando o presidente Ebrahim Raisi.

Autoridades de inteligência dos EUA também confirmaram que o Irã forneceu ajuda técnica ao Hamas na fabricação de 4 mil foguetes e drones usados no sábado (7). Pelo menos alguns militantes palestinos passaram por treinamento em campos libaneses com monitores da Guarda Revolucionária do Irã e do  Hezbollah – os ataques com parapente, por exemplo, só poderiam ter sido treinados fora de Gaza.

O número de mortos em Israel no ataque de sábado ultrapassou ontem a marca de 1.000 – cerca de 150 pessoas foram sequestradas, inclusive velhos e crianças, e são mantidas reféns em Gaza. Do lado palestino, já são mais de 900 mortos, incluindo 260 crianças. Os israelenses recuperaram os corpos de 1,5 mil terroristas do Hamas em seu território, o que dá uma dimensão do ataque. O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou a convocação de mais 60 mil reservistas, elevando o total da mobilização para 360 mil soldados, em mais um indício de que uma invasão terrestre se aproxima.

O sequestro de civis preocupa o chefe da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk. Na terça-feira (10), ele exortou o Hamas e outros grupos armados a libertar imediatamente os seus reféns. O alto comissário expressou preocupação e choque com as alegações de execuções sumárias de civis e, em alguns casos, assassinatos em massa cometidos por membros de grupos armados palestinos. Para Turk, os civis nunca devem ser usados como moeda de troca.