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Apoio pós-parto: o colo necessário para a jornada com recém-nascidos

Para além do conhecimento teórico aplicado nos cuidados com os bebês e amamentação, o trabalho de Aline França também oferece segurança e acolhimento para a mulher recém-mãe

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Há quem diga que a experiência de vivenciar a maternidade é tão intensa que se torna praticamente impossível passar por ela sem ter a vida transformada. A frase faz total sentido na vida de Aline França que, durante o pós-parto de sua primeira filha, se deparou com informações dúbias e, principalmente, pouco acolhimento à puérpera.

 

Formada em Arquitetura e exercendo a profissão na época do nascimento de sua segunda filha, Aline se redescobriu profissionalmente no caminho dos cuidados e apoio à mulher no pós-parto, e garante que a carreira de consultora de amamentação, hoje, faz seus olhos brilharem.

 

Ela iniciou os estudos em 2016 e foi construindo sua formação. Desde então, Aline soma mais de 30 especializações em amamentação e pós-parto, período que ela afirma ser um dos mais negligenciados em termos de acolhimento à mulher. “Assim que o bebê nasce, a maioria dos cuidados se volta para ele. Mas é preciso lembrar que, por trás dele, existe uma mulher que precisa estar inteira. Meu trabalho se concentra em garantir que ela tenha condições de prover o cuidado, o colo e o vínculo que o bebê precisa“, diz.

 

Aline reforça que o período do puerpério é considerado o maior estado de vulnerabilidade da mulher no que diz respeito à saúde mental, pois sente uma transformação em todos campos da vida, e como se percebe no mundo. Lida, ainda, com um excesso de informações desatualizadas, que podem vir até de pediatras e enfermeiros, e que a deixam mais confusa sobre o caminho correto a seguir. “Percebi, ao longo desses anos, que vale muito a pena atuar com a mulher enquanto ela ainda está na gestação, preparando ela e sua rede de apoio para o que está por vir. Com isso, conseguimos antecipar soluções, e ter cartas na manga para as futuras situações com a amamentação e os cuidados com o bebê”, afirma.
 

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A consulta
 

Aline conta que, quando é possível acessar a mulher ainda em período de gestação, ela consegue fazer consultas individuais que dão às gestantes um panorama do futuro, como pontos de atenção, sinais de alerta, cuidados com o bebê e a chamada apojadura (período de descida do leite materno). Esse trabalho ajuda a mãe a passar pelo período de maneira mais tranquila, além de ajudá-la a identificar caso necessite de suporte com o bebê já no colo.  

 

Depois do nascimento, Aline também faz uma avaliação completa do bebê, da mãe, das mamas e do estado emocional da mulher. As intercorrências mais comuns são dor, ingurgitamento e fissuras, que com ajustes de pega, posição e orientação adequada, logo se resolvem. E quando Aline se depara com questões mais complexas como mastite, ou icterícia do bebê, já faz contato com a equipe médica para conduzirem juntas o caso. Esse suporte oportuno, salva muitas amamentações, já que a dor é uma das principais causas de desmame precoce.

 

“É importante pensar que o trabalho é mais abrangente do que só amenizar a dor. Existem condições físicas que podem interferir na produção do leite, e ainda na gestação é possível agir preventivamente, identificando e traçando estratégias para questões como: cirurgias nas mamas, anatomia das mamas, e outras condições de saúde da mãe ou do bebê”, conta.  

 

Aline reforça que a amamentação exclusiva pode não ser o caminho de muitas mães, e ter possibilidades além do “sim” e do “não” traz mais leveza ao processo. “Precisamos desconstruir a ideia do que é sucesso na amamentação. Cada gota de leite é importante”, diz. 

 

A profissional também presta assistência às mães que estão em busca de limitar o acesso do bebê ao seio, fazer o desmame gradual, noturno ou até mesmo o desmame total. Aline costuma dizer que parar com a amamentação é semelhante ao término de um relacionamento. “Você sabe que quer terminar e que é o melhor caminho, mas é sofrido. Tem um quê de despedida, um luto envolvido porque o bebê está crescendo”, compara Aline.  

 

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Apoio emocional  

Além da experiência teórica em pós-parto e amamentação, Aline também é vista por muitas pacientes como uma confidente, por saberem que não serão julgadas. A maternidade pode ser um processo muito solitário para a mãe, que apesar de amar o filho e se doar para vê-lo bem, devido ao turbilhão de emoções, é acometida por sentimentos pouco associados ao momento
 

“As vezes chego na casa de uma mãe que nunca me viu pessoalmente, mas ela me fala coisas que não dividiria com outra pessoa mais próxima ou familiar e me pede um abraço. Mesmo sendo uma abordagem estritamente profissional, há um vínculo de segurança muito grande. Elas se sentem mais tranquilas em expressar que sentiram raiva do filho em determinados momentos, por exemplo“.  

 

“É preciso compreender que esse amor não é imediato, na maioria das vezes. Muitas mulheres têm a ilusão de que o bebê vai nascer e automaticamente passará a amá-lo, mas esse amor é uma construção que requer muito tempo. É no banho, na amamentação, na rotina de cuidados… a relação de mãe e filho é como qualquer outra, e pode haver sentimentos diversos”.  

 

Aline promove rodas de apoio e acolhimento ao pós parto, nas quais as mães podem ter oportunidade de se abrir e falar desse outro lado. Ela costuma dizer que é o momento em que as mães encontram espelhos nos olhos de outras mães: “Tem risada, choro, e muito desabafo. Elas acham que estão sozinhas num barco, mas ouvem histórias e se identificam. É uma ressignificação”.    

 

Quando perguntei a Aline, se mesmo com toda a sua experiência e conhecimento, teve dificuldades e necessitou de acolhimento e informações, a resposta foi sim. “Mesmo sendo mãe de três filhas, é necessário cuidar de quem cuida também. A minha experiência serve para que eu tenha mais empatia com as mulheres. Cada uma vive o seu processo. Tenho um olhar mais empático por estar em um lugar parecido com o que elas estão, e saber que meu trabalho faz diferença e proporciona a muitas mulheres um início de maternidade menos complicado e com mais acolhimento, é muito gratificante”, conclui. 

 

Site: alinefrancamaterna.com.br
Instagram: @alinefrancamaterna