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Antônio Veronese: Circo de brutalidades

Disfarçado pelo eufemismo de "festas", os rodeios já são fortemente contestados em todo o mundo civilizado
Foto: Unsplash

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Circulam na internet imagens assustadoras dos bastidores das chamadas “festas” de peão e boiadeiro. Hipocrisia classificar de “festa” um espetáculo dantesco onde animais indefesos são humilhados e seviciados.

As sociedades modernas que conseguiram penalizar o racismo devem, da mesma forma, refletir sobre a imoralidade do especismo, essa nossa presunção de poder “sentenciar” sobre o destino de outras espécies submetidas à nossa inteligência dita “superior”. Disfarçado pelo eufemismo de “festas”, esse moderno-circo-de-horrores já é fortemente contestado em todo o mundo civilizado.

Mesmo na Espanha — onde as corridas de touro confundem-se com a própria identidade do país — a sociedade engajada conseguiu impor sua proibição a mais de uma quinzena de regiões. Como na Europa, a luta para proibir rodeios deverá encontrar forte resistência no Brasil, especialmente devido às cifras astronômicas envolvidas nesses pseudo “espetáculos”.

Depois de anos me posicionando contra, alguém chegou a escrever-me que “…parte dos lucros de Barretos vai para o Hospital do Câncer…” como se isso a tudo justificasse! Pergunto: se parte do dinheiro do tráfico de drogas fosse doado ao Hospital do Câncer, isso desagravaria esse recurso de sua origem imoral?

Proponho aos homens de bem, e do bem, um engajamento contra essa orgia de violências, essa selvageria covarde onde homens pretendem fazer prova de valentia humilhando animais indefesos… E ouso sonhar com um Brasil onde o desrespeito aos animais seja punido pela lei, e repudiado por todos.

 

*Antonio Veronese, pintor ítalo-brasileiro, é autor de obras como “Tensão no Campo” ( Congresso Nacional); “Just Kids” (UNICEF), “Famine” (FAO, Roma) e “Save the Children” (símbolo dos 50 anos das Nações Unidas). Com 80 exposições individuais em 9 diferentes países , Veronese é considerado pela crítica francesa como “um dos dez pintores vivos que já deixaram seus rastros na história da Arte”.