Há um mistério que percorre a essência da mulher, uma força que se move entre a delicadeza e a tempestade, entre a criação e a renúncia. Há nela uma música interna, um compasso invisível que rege seus dias, uma cadência de luz e sombra que a faz transitar entre a generosidade e o silêncio, entre a entrega e a introspecção. O feminino é um oceano sem margens definidas, cujas marés avançam e recuam em um ciclo que se repete como se a própria Lua sussurrasse seus segredos à Terra.
Mas e quando essa dança se torna um fardo? Quando, ao invés de ritmo, há descompasso? Quando o feminino, que deveria ser poesia, transforma-se em batalha? O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é a tempestade inesperada que rouba da mulher o equilíbrio, sequestra sua serenidade e a mergulha em um abismo de dor e desconexão. Muito além da conhecida TPM, o TDPM é uma tormenta emocional e física que desestrutura, que encarcera a mulher dentro de si mesma. A cada ciclo, ela se vê refém de uma angústia que não pediu, de uma oscilação de humor que a afasta de si e dos que ama. O que deveria ser apenas uma fase do mês se torna um desafio insuportável: o sono escapa, o coração se agita, as palavras ferem e os pensamentos se turvam.
Essa condição afeta entre 3% e 8% das mulheres no mundo, mas, em algumas regiões do Brasil, os números são ainda mais alarmantes, chegando a 26%. São vidas que, todos os meses, perdem a sua delicadeza para um turbilhão invisível, uma dor que, embora silenciosa, reverbera em todas as áreas da vida. A mulher que sofre com TDPM não escolhe suas reações. Ela sente o peso das palavras que diz sem querer, o afastamento dos que não compreendem, o medo de estar sozinha dentro do próprio corpo. O impacto não é apenas individual: seus relacionamentos, sua vida profissional, sua autoestima e sua identidade são engolidas por essa força que parece incontrolável.
É aqui que a empatia se torna ponte. O parceiro, a família, os amigos – todos têm um papel essencial. Se amar uma mulher é compreender sua poesia, também é preciso compreender seus dias nublados. Não se trata de tolerar, mas de cuidar. Não se trata de minimizar, mas de acolher. Quando o TDPM se impõe, a mulher precisa de apoio, não de julgamentos. Precisa de paciência, não de indiferença. Precisa de um espaço seguro onde possa dizer “hoje eu não sou eu” e ser compreendida, não culpabilizada. Amar uma mulher com TDPM é aprender a segurá-la quando ela mesma não consegue.
E esse amor, essa compreensão, deve ir além da afetividade: precisa ser prático. O caminho para a cura e o alívio passa por um diagnóstico correto e um tratamento adequado. O TDPM não é um mero estado de espírito, mas uma condição médica real que exige atenção psiquiátrica. O suporte dos profissionais de saúde mental; psiquiatras, psicólogos e até mesmo nutricionistas, é fundamental para que essa mulher possa reencontrar sua paz. O tratamento não pode ser um só. Cada mulher carrega em si uma complexidade que exige cuidado integral. A psiquiatria pode atuar com medicamentos que estabilizam o humor, a psicoterapia auxilia na ressignificação do sofrimento, a alimentação equilibrada pode suavizar os sintomas físicos, e o exercício físico é um aliado poderoso na liberação de endorfinas, ajudando a aliviar a turbulência emocional.
Mas para que esse caminho seja percorrido, é preciso que essa mulher seja levada a sério. É preciso que os que estão ao seu redor percebam seu sofrimento, que não reduzam sua dor a “exagero” ou “fraqueza”. O TDPM não é fraqueza. É um fardo invisível que se carrega todos os meses e que, sem tratamento, pode roubar anos de vida produtiva, de relações saudáveis, de felicidade genuína.
Se você conhece uma mulher que sofre com essas mudanças intensas antes da menstruação, olhe para ela com gentileza. Pergunte se ela precisa de ajuda. Incentive-a a procurar um médico. Compreenda seus silêncios e abrace suas tempestades. Amar o feminino é, também, saber acompanhá-lo em sua travessia.
E, se você é essa mulher, não caminhe sozinha. Sua dor tem nome, tem explicação e tem tratamento. Há um caminho de volta para si mesma. A poesia do feminino não pode ser um ciclo de sofrimento; ela precisa ser vivida na plenitude de sua luz, mesmo que, de tempos em tempos, precise atravessar a sombra. Se precisar, peça ajuda! A dança do feminino e a tempestade dos dias: TDPM; quando a mulher se despede de si mesma.
Há um mistério que percorre a essência da mulher, uma força que se move entre a delicadeza e a tempestade, entre a criação e a renúncia. Há nela uma música interna, um compasso invisível que rege seus dias, uma cadência de luz e sombra que a faz transitar entre a generosidade e o silêncio, entre a entrega e a introspecção. O feminino é um oceano sem margens definidas, cujas marés avançam e recuam em um ciclo que se repete como se a própria Lua sussurrasse seus segredos à Terra.
Mas e quando essa dança se torna um fardo? Quando, ao invés de ritmo, há descompasso? Quando o feminino, que deveria ser poesia, transforma-se em batalha? O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é a tempestade inesperada que rouba da mulher o equilíbrio, sequestra sua serenidade e a mergulha em um abismo de dor e desconexão. Muito além da conhecida TPM, o TDPM é uma tormenta emocional e física que desestrutura, que encarcera a mulher dentro de si mesma. A cada ciclo, ela se vê refém de uma angústia que não pediu, de uma oscilação de humor que a afasta de si e dos que ama. O que deveria ser apenas uma fase do mês se torna um desafio insuportável: o sono escapa, o coração se agita, as palavras ferem e os pensamentos se turvam.
Essa condição afeta entre 3% e 8% das mulheres no mundo, mas, em algumas regiões do Brasil, os números são ainda mais alarmantes, chegando a 26%. São vidas que, todos os meses, perdem a sua delicadeza para um turbilhão invisível, uma dor que, embora silenciosa, reverbera em todas as áreas da vida. A mulher que sofre com TDPM não escolhe suas reações. Ela sente o peso das palavras que diz sem querer, o afastamento dos que não compreendem, o medo de estar sozinha dentro do próprio corpo. O impacto não é apenas individual: seus relacionamentos, sua vida profissional, sua autoestima e sua identidade são engolidas por essa força que parece incontrolável.
É aqui que a empatia se torna ponte. O parceiro, a família, os amigos – todos têm um papel essencial. Se amar uma mulher é compreender sua poesia, também é preciso compreender seus dias nublados. Não se trata de tolerar, mas de cuidar. Não se trata de minimizar, mas de acolher. Quando o TDPM se impõe, a mulher precisa de apoio, não de julgamentos. Precisa de paciência, não de indiferença. Precisa de um espaço seguro onde possa dizer “hoje eu não sou eu” e ser compreendida, não culpabilizada. Amar uma mulher com TDPM é aprender a segurá-la quando ela mesma não consegue.
E esse amor, essa compreensão, deve ir além da afetividade: precisa ser prático. O caminho para a cura e o alívio passa por um diagnóstico correto e um tratamento adequado. O TDPM não é um mero estado de espírito, mas uma condição médica real que exige atenção psiquiátrica. O suporte dos profissionais de saúde mental; psiquiatras, psicólogos e até mesmo nutricionistas, é fundamental para que essa mulher possa reencontrar sua paz. O tratamento não pode ser um só. Cada mulher carrega em si uma complexidade que exige cuidado integral. A psiquiatria pode atuar com medicamentos que estabilizam o humor, a psicoterapia auxilia na ressignificação do sofrimento, a alimentação equilibrada pode suavizar os sintomas físicos, e o exercício físico é um aliado poderoso na liberação de endorfinas, ajudando a aliviar a turbulência emocional.
Mas para que esse caminho seja percorrido, é preciso que essa mulher seja levada a sério. É preciso que os que estão ao seu redor percebam seu sofrimento, que não reduzam sua dor a “exagero” ou “fraqueza”. O TDPM não é fraqueza. É um fardo invisível que se carrega todos os meses e que, sem tratamento, pode roubar anos de vida produtiva, de relações saudáveis, de felicidade genuína.
Se você conhece uma mulher que sofre com essas mudanças intensas antes da menstruação, olhe para ela com gentileza. Pergunte se ela precisa de ajuda. Incentive-a a procurar um médico. Compreenda seus silêncios e abrace suas tempestades. Amar o feminino é, também, saber acompanhá-lo em sua travessia.
E, se você é essa mulher, não caminhe sozinha. Sua dor tem nome, tem explicação e tem tratamento. Há um caminho de volta para si mesma. A poesia do feminino não pode ser um ciclo de sofrimento; ela precisa ser vivida na plenitude de sua luz, mesmo que, de tempos em tempos, precise atravessar a sombra. Se precisar, peça ajuda!
*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.
Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais.