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Antônio Geraldo: O que precisamos saber sobre o autismo?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um tema que desperta cada vez mais interesse e debate atualmente. Muitas pessoas ainda têm ideias equivocadas sobre o que é esta condição, o que pode levar a estigmas e exclusão social. Ao mesmo tempo, há um movimento crescente da participação de pessoas autistas na reivindicação de seus direitos. Compreender o autismo e suas nuances é essencial para todos.

Mas o que é autismo? O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que impacta a comunicação, o comportamento social e a interação. O transtorno manifesta-se geralmente antes dos 3 anos de idade e afeta cerca de quatro a cinco em cada 10.000 crianças, com maior incidência em meninos. No entanto, no Brasil, a escassez de estudos específicos sobre prevalência dificulta a obtenção de dados precisos.

As principais características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) são as alterações na sociabilidade, que variam desde o isolamento até dificuldades na linguagem verbal e não verbal e até ausência completa da fala, acompanhadas por outras dificuldades de comunicação e atividades ritualísticas repetitivas.

O diagnóstico precoce do autismo não é simples, especialmente em crianças pequenas, devido à complexidade dos comportamentos sensório-motores que podem mascarar sinais de sociabilidade e linguagem. No entanto, é possível realizar uma avaliação clínica considerando indicadores que podem surgir já no primeiro ano de vida, com um diagnóstico mais preciso geralmente feito por volta dos 3 anos de idade.

É importante ressaltar que o diagnóstico de transtorno do neurodesenvolvimento, como o autismo, é frequentemente feito na infância, mas as trajetórias clínicas podem variar consideravelmente de uma pessoa para outra. Portanto, é essencial uma abordagem individualizada e contínua para garantir o melhor suporte e qualidade de vida para indivíduos com TEA e suas famílias.

Cada pessoa com TEA enfrenta desafios específicos, desde dificuldades na comunicação verbal até sensibilidades sensoriais exacerbadas. No entanto, é fundamental reconhecer a diversidade dentro do espectro autista. Enquanto algumas pessoas podem ter dificuldade em manter contato visual, outras podem possuir habilidades excepcionais em áreas como matemática, música ou arte.

A pesquisa sobre o TEA avançou significativamente nas últimas décadas, proporcionando uma compreensão mais profunda de suas causas e tratamentos. Intervenções precoces, como terapias comportamentais e educacionais, têm demonstrado serem eficazes na melhoria das habilidades sociais e de comunicação em crianças com TEA. Além disso, avanços na neurociência têm possibilitado o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas e medicamentosas.

A intervenção precoce e o tratamento adequado permite que a criança se desenvolva melhor e tenha menos prejuízos na qualidade de vida ao longo do tempo. Quanto mais tarde o tratamento for iniciado, pior é o prognóstico e o desenvolvimento da criança com TEA.

O tratamento do autismo envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo a psicofarmacoterapia, que é utilizada em cerca de um terço dos casos, visando principalmente sintomas-alvo. Além disso, intervenções psicossociais, incluindo aconselhamento familiar, atendimento psicológico para desenvolvimento de habilidades sociais e terapias específicas.

Promover a inclusão de pessoas com TEA na sociedade é uma responsabilidade coletiva. Isso envolve a criação de ambientes acessíveis e acolhedores, bem como o apoio adequado em todas as áreas da vida, desde a educação até o mercado de trabalho. Além disso, é de suma importância combater estigmas e preconceitos em torno do autismo.

Uma das principais barreiras que percebemos é a falta de compreensão sobre o autismo. Ainda vemos muito estigma em relação ao transtorno. Por outro lado, existe interesse em empenhar esforços para promover a inclusão em todas as esferas da vida. Um dos espaços mais importantes para incentivar a inclusão é a escola. As escolas desempenham um papel fundamental na criação de um ambiente onde todos os alunos se sintam valorizados e apoiados. Isso envolve não apenas fornecer recursos e suporte adequados, mas também promover uma cultura de aceitação e compreensão.

Professores e funcionários escolares devem buscar informações sobre autismo e buscar estratégias de ensino inclusivas. Isso pode ajudá-los a adaptar seus métodos de ensino para atender às necessidades individuais de cada aluno autista, garantindo que eles tenham acesso a uma educação de qualidade.

Além disso, é importante incentivar a amizade e a interação entre os alunos autistas e seus colegas. Isso não apenas promove a inclusão social, mas também ajuda a quebrar estigmas e preconceitos.

Em resumo, o autismo é um transtorno complexo que requer compreensão abrangente e um plano de tratamento adaptado às necessidades individuais. Com intervenções adequadas e apoio contínuo, é possível maximizar o potencial de cada pessoa promovendo melhoria na qualidade de vida e inclusão em todas as esferas da sociedade.

*Dr. Antônio Geraldo da Silva é médico psiquiatra, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo. É Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia.

Dr. Antônio Geraldo da Silva

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