Dr. Antônio Geraldo da Silva Vi recentemente em uma rede social um questionamento sobre o que é uma mente saudável. Tem a ver apenas com doenças mentais? Não é bem assim. Uma mente saudável refere-se ao nosso bem-estar emocional, psicológico e social. Não se trata apenas da ausência de transtornos mentais, mas de um estado positivo de funcionamento mental.
Uma boa saúde da mente envolve a maneira como pensamos, sentimos e agimos em nosso cotidiano. Quando nossa há equilíbrio, conseguimos lidar com os desafios da vida do dia a dia, tomar decisões saudáveis e ter boas relações com as pessoas ao nosso redor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de utilizar suas habilidades de forma produtiva, lidar com o estresse da vida e contribuir para a sua comunidade.
Somos influenciados por uma combinação de fatores psicológicos e biológicos, como habilidades emocionais, uso de substâncias e genética, fatores sociais e circunstâncias sociais adversas, como pobreza, violência e desigualdade, entre outras questões que podem tornar as pessoas mais vulneráveis a desenvolver doenças mentais.
Todos passamos em algum momento por situações de estresse, tristeza ou preocupação. Esses sentimentos são reações normais a situações desafiadoras, como uma mudança de trabalho, a perda de um ente querido ou um conflito em uma amizade. É natural sentir-se um pouco ansioso antes de um evento importante ou triste após uma separação.
Porém, emoções são mutáveis e desaparecem com o tempo à medida que as situações melhoram ou conseguimos aprender a lidar com elas. Essas reações fazem parte da experiência humana e isoladamente não são um sinal de que uma pessoa tem uma doença mental.
Por outro lado, quando essas emoções se tornam persistentes e começam a interferir de forma significativa no dia a dia da pessoa, elas podem ser sinais de uma doença mental. A depressão, por exemplo, pode fazer com que a pessoa se sinta constantemente triste, sem energia ou sem esperança, por semanas ou até meses, afetando a capacidade de trabalhar, estudar ou manter relações saudáveis.
Para diferenciar uma reação normal de uma doença mental é necessário buscar um médico psiquiatra que irá avaliar a intensidade e a duração dos sintomas, fazer o diagnóstico diferencial para descartar outras doenças e chegar a um veredito se o paciente tem ou não uma doença mental.
Felizmente existem muitos recursos e tratamentos disponíveis para quem precisa de apoio. A boa saúde da mente é fundamental para uma vida equilibrada. Assim como cuidamos da saúde física, é importante que cuidemos da nossa mente. Compreender a diferença entre reações normais e doenças mentais, procurar apoio quando necessário e adotar hábitos saudáveis são medidas essenciais para garantir que estejamos sempre em equilíbrio. Não hesite em buscar ajuda profissional e cuidar de si mesmo!
O que até então era desprezado, a partir de agora será valorizado com a Lei 14.831/2024 e com a NR-01 no Ministério do Trabalho e Emprego. As empresas terão que adaptar o seu ambiente de trabalho através de assessoria e consultoria pela aliança da medicina do trabalho e da psiquiatria, os especialistas que são capazes de avaliar o nexo causal entre o ambiente de trabalho e o desencadeamento de doenças mentais, também chamados de riscos psicossociais. A boa saúde da mente no ambiente de trabalho é a tendência do momento.
*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.
Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais.
