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Antônio Geraldo: Como falar sobre saúde mental com crianças e adolescentes

Falar sobre saúde mental com crianças e adolescentes é fundamental para ajudá-los a entender e gerenciar suas emoções, além de aprender a procurar ajuda quando necessário. No entanto, essa comunicação pode ser desafiadora, tanto para os pais e responsáveis como para os filhos, dada a complexidade do tema.

Aqui estão algumas dicas para abordar esse temas com crianças e adolescentes:

Crie um ambiente seguro e acolhedor

O primeiro passo para conversar sobre saúde mental com crianças é garantir que elas se sintam seguras e acolhidas. É importante fazer com que elas sintam que podem expressar seus sentimentos sem medo de julgamento. Mostre que você está aberto e disponível para ouvir, sem interromper ou minimizar suas preocupações. Essa abordagem ajuda a construir confiança da criança e do adolescente.

Adapte a conversa de acordo com a faixa etária

Crianças e adolescentes não são mini adultos. Eles entendem o mundo e tem um repertório diferente dos adultos. Portanto, é importante adaptar a comunicação ao seu nível de desenvolvimento. Com crianças, use histórias e analogias simples para explicar as emoções e situações difíceis pelas quais as pessoas passam. Para adolescentes, você pode dar mais detalhes, pois eles já têm uma compreensão melhor, use exemplos concretos. Explique a diferença entre sentimentos temporários e doenças mentais.

Use uma linguagem adequada

A escolha das palavras faz diferença. Evite termos técnicos ou complicados que possam confundir ou assustar. Em vez disso, utilize uma linguagem clara e acessível que corresponda ao estágio de desenvolvimento da criança. Por exemplo, ao falar sobre ansiedade, você pode descrever a sensação como um “sentimento de preocupação constante” e explicar que existem maneiras de lidar com isso.

Ensine a reconhecer e nomear emoções

Ajude as crianças a identificar e nomear suas emoções. Isso pode ser feito através de conversas, livros ilustrados, filmes, desenhos ou mesmo jogos que envolvem sentimentos. Quando as crianças conseguem reconhecer o que estão sentindo, elas se tornam mais capazes de expressar suas emoções e buscar ajuda quando necessário.

Reforce a importância da procura por ajuda

Ensine desde cedo que buscar ajuda é um sinal de força, não de fraqueza. Explique que todos, independentemente da idade, podem precisar de apoio em momentos difíceis e que é sempre bom falar com alguém em quem confiam.

Esteja sempre atento a mudanças no comportamento da criança e do adolescente

Perceba como ela está lidando com suas emoções e esteja atento a sinais que possam indicar a necessidade de apoio profissional.

Esteja atento a mudanças repentinas no comportamento da criança ou do adolescente. Isso pode incluir alterações no padrão de sono, mudanças no apetite, ou uma queda repentina no desempenho escolar. Mudanças bruscas na interação social, como evitar amigos ou familiares, também podem ser sinais de alerta.

Se você notar sinais persistentes ou graves, procure consultar um especialista. Um psiquiatra pode fazer uma avaliação completa e oferecer estratégias de tratamento adequadas para ajudar a criança ou adolescente a superar suas dificuldades.

A escola pode e deve ser uma parceira nesses momentos, mas não podemos terceirizar para a escola este cuidado. Não deve ser mais uma obrigação para a escola. Pais não devem terceirizar a criação dos filhos. Considere conversar com a coordenação e a orientação pedagógica, esteja presente na vida escolar dos seus filhos e peça ajuda sempre que necessário. Falar sobre saúde mental com crianças e adolescentes não é uma tarefa fácil, mas é importante para garantir o bem-estar delas.

 

*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG. Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL.

Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais. Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo®”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia. É autor de dezenas de livros e artigos científicos em revistas internacionais e também palestrante nacional e internacional.

Dr. Antônio Geraldo da Silva

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