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Antônio Geraldo: “A saúde mental em primeiro lugar”

Atletas como a ginasta Rebeca Andrade já comentaram sobre a importância da saúde mental e do acompanhamento psicológico
Foto: Freepik

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“A saúde mental tem que vir em primeiro lugar”. Essa foi a mensagem que Simone Biles, medalhista olímpica em Paris e uma das maiores atletas da atualidade, disse após o pódio. Simone Biles faz uso de medicação para tratar TDAH e não tem medo ou vergonha de falar sobre o assunto. Ela tem sido aberta e honesta sobre sua jornada, desafiando o estigma associado aos transtornos mentais. Ver uma pessoa como ela falar sobre o assunto é um poderoso lembrete de que ter uma doença mental não é um impedimento para alcançar a excelência. Pelo contrário, é uma parte da sua experiência que ela enfrenta com coragem.

Rebeca Andrade, ginasta brasileira e campeã olímpica, desde os primeiros momentos de sua carreira, compreendeu a importância do acompanhamento psicológico. Em suas entrevistas ela faz questão de destacar o papel da terapia na sua vida pessoal e profissional. A terapia, para ela, não só ajudou a aliviar a pressão, mas também a desenvolver a inteligência emocional necessária para lidar com as inevitáveis falhas e desafios.

 
 
 
 
 
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Inúmeros atletas de destaque demonstram que cuidar da saúde mental contribui para o seu sucesso. Temos vários exemplos: no mundo do surf, Gabriel Medina e Felipe Toledo, campeões mundiais, também colocaram a saúde mental como prioridade. Medina relatou ter depressão e deu uma pausa na carreira para fazer tratamento. Toledo também parou de competir temporariamente para focar no tratamento de sua saúde mental. Ambos voltaram a competir em alto nível e se tornaram exemplos para os mais jovens ao falar abertamente sobre suas experiências e enfatizar a importância do cuidado com a saúde mental e de seguir com o tratamento adequado.

No atletismo, Noah Lyles, velocista estadunidense e campeão olímpico, após ganhar o ouro, falou em suas redes sociais sobre ter TDAH, depressão, ansiedade, asma e dislexia, mas que essas condições não o limitam. A mensagem dele foi clara: “O que você tem não define o que você pode se tornar.” Essas condições não definem nossos limites, mas sim a maneira como lidamos com elas. Se tratarmos corretamente, podemos conquistar os nossos objetivos.

Os casos de Simone, Gabriel, Felipe e Noah e outros atletas, ilustram que a doença mental não é algo incapacitante e que enfrentá-la de frente pode ser um caminho para o sucesso. Eles mostram que é possível alcançar grandes feitos e que buscar ajuda profissional é um sinal de força, não de fraqueza. A saúde mental é uma parte fundamental da vida.

Esses atletas demonstram que ter um diagnóstico de doença mental, dar uma pausa na carreira ou focar no cuidado da saúde mental não significa que não serão bem sucedidos. Pelo contrário, com o tratamento adequado e suporte é possível superar esses obstáculos e continuar a brilhar na vida.

O estigma em torno da doença mental muitas vezes desencoraja os indivíduos a buscarem ajuda por temer que uma condição mental possa ser vista como uma fraqueza ou prejudicar sua carreira. No entanto, como demonstrado por todos esses atletas, cuidar da saúde

mental pode, na verdade, fortalecer a sua capacidade de lidar com a pressão, aumentar as chances de sucesso e ser uma forma de inspirar outras pessoas.

Ao acompanharmos esses atletas e tê-los como inspiração, devemos lembrar que suas conquistas são também fruto da promoção da saúde e prevenção das doenças. Com apoio e tratamento adequados, todos nós podemos enfrentar e superar nossos desafios, alcançar nossos objetivos, não importa quão grandes ou pequenos eles sejam. A saúde mental vale ouro.

 

*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.

Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais.

Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo®”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia.

É autor de dezenas de livros e artigos científicos em revistas internacionais e também palestrante nacional e internacional.