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ANPR quer convencer Lula a seguir lista tríplice na PGR

Presidente afirma que modelo de escolha não supre mais as necessidades da relação entre o Executivo e as instituições

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O presidente da Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), Ubiratan Cazetta, pedirá uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para convencê-lo a seguir a lista tríplice proposta pela categoria no **processo de escolha do próximo procurador-geral da República, que sucederá Augusta Aras em setembro deste ano**.

Lula disse em entrevista à _BandNews FM_ na última quinta-feira (2) que “_não pensa mais em lista tríplice_” porque “_já está provado_” que este modelo de escolha do procurador-geral “_nem sempre resolve o problema_”. O presidente ainda disse que será **mais criterioso na escolha do chefe do Ministério Público**.

“_Não penso mais em lista tríplice. Não penso mais, porque quando vim para a presidência, trouxe a minha experiência do sindicato. Então, tudo para mim era lista tríplice. Já está provado que nem sempre a lista tríplice resolve o problema. Então, vou ser mais criterioso para escolher o próximo procurador-geral da República_”, afirmou o presidente.

A associação, por sua vez, tem buscado interlocutores de Lula para dissuadi-lo da ideia de desconsiderar a lista, que **vigora desde 2001 como modelo de escolha do procurador-geral**. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), é uma das autoridades que têm sido procuradas para convencer o presidente a recuar da ideia. Além do petista, o presidente da ANPR afirma ter buscado “_todos os ministros com alguma aderência com o tema_”.

Em nota divulgada após a entrevista de Lula, a associação afirmou que “_defende a lista tríplice e continuará demonstrando que esse modelo permite **transparência** na definição do Procurador-Geral da República_”. A ANPR ainda disse no texto que levará a Lula essas preocupações e que “_tem plena confiança de que haverá um diálogo produtivo em torno deste tema_”.

**Somente em dois momentos da história a eleição realizada pela ANPR foi descartada por presidentes**. Em 2001, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reconduziu ao cargo Geraldo Brindeiro – que foi tratado pela oposição ao governo tucano como “_engavetador-geral da República_” por arquivar sistematicamente denúncias contra parlamentares e o próprio presidente.

A segunda vez em que a lista tríplice da associação foi ignorada pelo chefe do executivo foi durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que indiciou **Augusto Aras** ao posto sem que tenha sido submetido ao escrutínio da categoria.

As críticas que recaíram sob Brindeiro também foram destinada ao atual procurador-geral por suas **sucessivas sustentações a favor do arquivamento de processos contra Bolsonaro**, assim como pela adoção de “_investigações preliminares_” para apurar suspeitas de crimes em vez de medidas mais concretas e duradouras.