GPS Brasília comscore

Animais Noturnos: um filme fora do mainstream

É sempre bom e saudável, para nós, amantes do cinema, às vezes nos desafiarmos com narrativas elípticas, não lineares
Foto: Reprodução/Instagram

Compartilhe:

Chegou na Netflix o filme vencedor do Festival de Veneza (2016), Animais Noturnos, um dos mais intrigantes da carreira de Jake Gyllenhaal. 

Animais Noturnos é um filme fora do mainstream, que são filmes planejados pelo criador da obra, que não dependem de decisões baseadas na “certeza” de sucesso de bilheteria, no lucro de produtores e estúdios. Eles geralmente não estão disponíveis nas plataformas de streaming, por serem considerados “filmes de autor”.

E o autor aqui nesse caso é o estilista/cineasta Tom Ford. Ele trouxe o seu estilo único da “Alta Costura” para o cinema. Ford produz, roteiriza e dirige o filme. Essa “autoria” já pode ser notada no seu primeiro filme, Direito de Amar, de 2009, que visualmente e dramaturgicamente já expressava a assinatura do autor.

Susan (Amy Adams) é uma negociante de arte de Los Angeles que vive uma vida privilegiada, mas incompleta, ao lado de seu marido Hutton Morrow (Armie Hammer). Em um final de semana em que o marido estava viajando, ela recebe um pacote inesperado: um livro escrito por seu ex-marido, Edward (Jake Gyllenhaal), é dedicado a ela. Uma publicação violenta e de forte apelo emocional.

A verdade é que tanto Susan quanto Edward, não se realizaram nas suas verdadeiras vocações – ela, artista plástica; ele, escritor. Essas frustrações que não são explicitadas na narrativa, contribuem para o verdadeiro tema de Animais Noturnos: a “vingança”. Vingança contra a vida que os levou a tomar caminhos diferentes.

Ford constrói as narrativas em elipses que não necessariamente seguem a mesma história. Elas são paralelas: uma está centrada na realidade e a outra no que poderia ter sido, ou realmente foi. Complicado, né? Mas garanto a vocês que vale muito a pena entrar nesse mundo, que te leva a interagir com a obra, e tirar suas próprias conclusões.

É sempre bom e saudável, para nós, amantes do cinema, às vezes nos desafiarmos com narrativas elípticas, não lineares, com começo, meio e fim.