Débora Oliveira A introdução de refeições veganas na alimentação infantil tem se tornado um tema central em debates sobre saúde e nutrição, impulsionado pela aprovação de um projeto de lei na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A proposta, apresentada pelo deputado Ricardo Vale (PT), prevê a inclusão obrigatória de opções veganas nos cardápios das escolas públicas, promovendo uma alimentação mais inclusiva e sustentável para os estudantes.
O projeto, de autoria do deputado Ricardo Vale (PT), visa promover uma alimentação mais inclusiva, sustentável e saudável para os estudantes, atendendo tanto às necessidades nutricionais quanto às escolhas alimentares de alunos e suas famílias. Segundo o projeto, as escolas devem incluir diariamente, pelo menos uma opção de refeição vegana com valor nutricional equivalente ao das demais refeições.
Embora a proposta traga benefícios, como a promoção de hábitos alimentares saudáveis, ela tem gerado dúvidas, questionamentos e controvérsias. No entanto, especialistas destacam suas vantagens e apontam que, se bem implementada, a medida pode ser assertiva. A nutricionista Clariana Valadão explica que uma dieta vegana exclui produtos de origem animal e baseia-se em alimentos como frutas, vegetais, grãos integrais, leguminosas, nozes e sementes.
“A dieta vegana oferece benefícios à saúde, como melhora cardiovascular, controle de peso e redução do risco de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Também favorece a digestão e pode auxiliar na saúde mental, aliviando sintomas de depressão e ansiedade. Além disso, alimentos vegetais ajudam a reduzir inflamações. Contudo, é essencial planejar a alimentação para garantir a ingestão adequada de nutrientes como vitamina B12, ferro, cálcio e ômega-3”, esclarece Clariana.
A especialista afirma que a inclusão de comida vegana nas escolas públicas do Distrito Federal pode ser vista como um passo positivo em direção à diversidade alimentar e à promoção de hábitos saudáveis entre os estudantes.
“Essa iniciativa oferece várias vantagens, como refeições ricas em fibras e antioxidantes, contribuindo para a saúde das crianças. Além disso, educa sobre questões ambientais, como o impacto da produção de carne no aquecimento global, e promove a consciência sobre direitos dos animais. Também atende às necessidades de alunos que seguem dietas veganas ou vegetarianas, enriquecendo o cardápio escolar e incentivando a experimentação de novos alimentos, promovendo hábitos alimentares saudáveis”, pontua Valadão.
A nutricionista, no entanto, alerta que, para ser eficaz, é necessário levar alguns pontos em consideração, como a aceitação dos alunos, preparar adequadamente as cozinhas escolares e risco de deficiência nutricional.
“Embora a dieta vegana apresente riscos, eles podem ser prevenidos com um planejamento adequado. Algumas preocupações incluem a vitamina B12, essencial para o sistema nervoso, que deve ser suplementada ou consumida em alimentos fortificados. O ferro, melhor absorvido quando combinado com vitamina C, pode ser encontrado em alimentos como frutas cítricas e pimentões. O cálcio está presente em vegetais folhosos, tofu fortificado e bebidas vegetais fortificadas. O ômega-3 pode ser obtido de fontes como linhaça, chia e nozes, ou por meio de suplementos de algas. As proteínas, por sua vez, podem ser consumidas em leguminosas, grãos e nozes”, esclarece.
Em relação às necessidades proteicas e de cálcio, a especialista sugere incluir na alimentação feijões, lentilhas, tofu, quinoa, sementes de chia e nozes no grupo das proteínas e couve, espinafre, brócolis, leites vegetais fortificados e sementes de gergelim no grupo do cálcio.
