O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta quinta-feira (13) que o governo federal deve buscar mais negociações com os Estados Unidos diante da recente decisão do presidente Donald Trump de impor novas tarifas a produtos brasileiros.
A declaração foi dada durante entrevista coletiva.
Alckmin reforçou que a solução passa pelo “diálogo”. “A intenção do governo é o diálogo (…) estamos levantando todos os dados para o diálogo”, afirmou. Ele também destacou que os EUA mantêm superávit na balança comercial com o Brasil. “É o sétimo maior superávit da balança comercial americana. Então, nós não somos problema comercial“, pontuou.
Desde que reassumiu a Casa Branca em 20 de janeiro de 2025, Trump tem adotado medidas protecionistas, impondo tarifas de importação para diversos países. Inicialmente, foram anunciadas taxações para produtos do México, Canadá e China. No entanto, o mandatário também decretou a aplicação de uma tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio, afetando diretamente o Brasil.
Alckmin minimizou o impacto da decisão, destacando que é comum que novos governos revisem suas relações comerciais.
“É natural que o novo governo americano queira avaliar o seu comércio exterior, estudar, avaliar a questão do comércio exterior. O Brasil não é problema comercial para os Estados Unidos, não é problema comercial“, reiterou.
Alternativas
Uma das possíveis soluções levantadas por Alckmin é a implantação de uma “hard cota”, mecanismo que estabelece um limite de isenção para as exportações brasileiras. Caso esse teto seja ultrapassado, a entrada de novos produtos ficaria impedida.
“Passou dessa cota, não é que o imposto aumenta, não entra nos Estados Unidos. Na chamada hard cota, você tem uma cota, você tem um imposto, passou dali, não importa mais“, explicou.
O governo federal vinha adotando cautela na abordagem do tema. Na quarta-feira (12), Alckmin já havia indicado que o Executivo buscaria contato com a administração Trump para encontrar uma alternativa à taxação de aço e alumínio. A determinação, oficializada na segunda-feira (10), prevê a entrada em vigor das novas tarifas a partir de 12 de março.
Etanol
Na medida assinada por Trump nesta quinta-feira (13), também foi mencionada a questão do etanol brasileiro. O presidente norte-americano determinou a aplicação de tarifas recíprocas sobre países que cobram impostos de importação para produtos dos EUA.
“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil“, justificou Trump no documento.