Na noite de segunda-feira (4), a arquiteta Adriana Villela tornou pública uma carta aberta em que comenta pela primeira vez, de forma direta e emocional, sobre o caso que a levou ao banco dos réus: o assassinato brutal dos próprios pais e da empregada da família, conhecido como o Crime da 113 Sul.
No texto, divulgado poucas horas do Superior Tribunal de Justiça (STJ) retomar o julgamento da possível nulidade do júri popular que a condenou, Adriana reafirma sua inocência e diz ser alvo de uma “injustiça brutal”.
“Sou apontada como a algoz daqueles que mais amei na vida, meu sangue, minha essência: meus próprios pais e a querida Francisca”, escreveu. Ela se refere ao assassinato do casal José Guilherme Villela e Maria Villela, além da funcionária Francisca Nascimento da Silva, em 2009, em um dos crimes de maior repercussão na história recente do Distrito Federal.
Ao longo do texto, Adriana rebate a tese de que teria uma relação conflituosa com os pais. Segundo ela, a acusação sustentou essa narrativa com base em uma carta antiga, escrita três anos antes dos assassinatos.
“Uma missiva isolada, arrancada brutalmente de seu contexto, para pintar um cenário geral de discórdia que simplesmente nunca existiu”, afirma.
Ela também narra que mantinha laços afetivos com os pais e que, como em qualquer família, havia momentos de desentendimento, mas nada fora da normalidade. “Como em qualquer família, nossos laços eram feitos de entendimentos e, por vezes, de desentendimentos. Nada além da naturalidade da convivência humana, de uma vida real e bem vivida.”
A arquiteta, que foi condenada em júri popular como mandante do triplo homicídio, diz ainda que resiste emocionalmente ao que chama de perseguição. “Tenho sido terrivelmente injustiçada, mas ainda respiro”, escreveu. “Eles podem tentar roubar minha paz, minha dignidade, minha história, mas jamais conseguirão destruir a minha alma, a minha essência.”
A manifestação acontece na véspera da retomada do julgamento no STJ que pode definir os rumos do caso. A Sexta Turma da Corte vai analisar se o júri popular que condenou Adriana Villela será anulado por falhas processuais.
Em março deste ano, o julgamento chegou a ser iniciado, mas foi suspenso após o ministro Sebastião Reis Júnior, presidente da Turma, pedir vista. A nova sessão está marcada para esta terça-feira (5), às 14h.
De acordo com o Regimento Interno do STJ, um processo pode ter até dois pedidos de vista. O segundo deles, se ocorrer, será considerado vista coletiva, com prazo de 60 dias, prorrogável por mais 30. Ainda não há previsão de quanto tempo a sessão poderá durar.