
A Louis Vuitton jamais abandonou sua **essência**, a de **viajante**. No tempo ou no espaço. Duas raridades hoje em dia. Mas ainda no século XIX, originalmente em 1854 quando iniciou o comércio de malas de viagem, o espírito de deslocamento sempre foi a bússola que a fez navegar mares de todos os continentes até aos dias de hoje, transformando-a na mais valiosa empresa de moda do mundo, atualmente orquestrada pelo conglomerado LVMH, que detém outra centena de marcas no _high end_ do luxo.
E seguindo a tradição de apresentar suas coleções em **marcos culturais** e arquitetônicos, nesta temporada o Musée d’Orsay, patrimônio global e símbolo inconfundível de Paris, foi uma escolha natural. Especialmente para o universo de Nicolas Ghesquière, diretor artístico das coleções femininas, que cultiva fortes laços com a arte e a arquitetura. Unindo ambas, faz caminhar juntinhas **tradição e modernidade**, **excelência e inovação**.
Mas muito se fala sobre o _savoir-faire_ francês. Mas o que é isso afinal. E como se projeta tal mood para a moda. A palavra traduzida literalmente, saber-fazer, já diz tudo, mas transportada para a França ganha a referência da habilidade, da experiência, do jeito e do modo. E é nesta sutileza que a LV se apega ao reafirmar o estilo francês, como neste fashion show de outono.





Mas o estilo francês existe mesmo? A pergunta em si é um enigma e desperta um fascínio sem fim. Uma moda que oscila e reside acima da audaciosa tradição. A própria label define: _“Uma moda evolutiva, como o palimpsesto de múltiplas tendências, nas quais as convenções da costura abraçam uma surpreendente troca cultural, transformando-se no que é conhecido como a exceção francesa. Um estilo de magnetismo inefável que ainda hoje intriga o mundo; isso também é paradoxal: sofisticação com ar diletante”_.
Este é o fascínio que a LV provoca ininterruptamente ao longo desta jornada centenária. Um dos alicerces se firma na evolutiva capacidade de não deixar-se envelhecer com a idade. Nicolas Ghesquière gira o mundo e captura seus ícones reais, a exemplo da skatista brasileira Rayssa Leal, convidada pelo próprio para assistir ao desfile.
E assim como ela sentam-se na front row todas as espécies de gente, de princesas a aventureiros, que constrói comunidades. Para unir tantos paradoxos, o squad da arte. Nesta temporada, atuando novamente o artista plástico Philippe Parreno e o designer de produção James Chinlund, com um conceito baseado em ilusões sonoras do compositor Nicolas Becker.
E assim segue a tentativa de desvendar o mistério estilístico da Louis Vuitton dentro da história (de moda) francesa. Entenda o desfile e veja o exército de raças, estilos, géneros e costumes que a marca acredita ter algo a dizer… que faça sentido.


