À CPI, ex-interino de Anderson Torres reforça inocência de Ibaneis

Então secretário-executivo de Segurança Pública, o **delegado federal Fernando Sousa Oliveira** demonstrou, durante oitiva para a CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF), falta de comando por parte da cúpula operacional da Polícia Militar (PMDF) para conter os atos de vandalismo que resultaram na destruição das sedes dos Três Poderes.

Por diversos momentos, o interino de Anderson Torres – que estava de férias nos Estados Unidos no dia 8 de janeiro – **afirmou ter sido tranquilizado por integrantes da tropa** de que havia um efetivo de 600 policiais para garantir a ordem durante o que se iniciou como manifestação bolsonarista, mas acabou em depredação dos bens públicos.

Embora comedido, Fernando Sousa também pontuou não ter recebido orientação do então titular da pasta (Anderson Torres) e que nem mesmo chegou a ser apresentado ao governador Ibaneis Rocha (MDB) como substituto da pasta.

O delegado pontuou que, embora fosse o interino, não havia dado tempo para a publicação do afastamento do titular da pasta no Diário Oficial, o que o tornava substituto de fato, mas não de direito.

**Ainda segundo Sousa, orientações acordadas em um plano prévio não foram executadas pelos oficiais da PMDF**. “_Eram orientações como ficar em condições de pegar tropas especializadas em controle do distúrbio civil, não permitir acesso de pessoas e veículos à Praça dos Três Poderes, manter reforço de efetivo nas adjacências, no perímetro interno, em toda a extensão da Esplanada, bem como na Rodoviária de Brasília. Vocês vão ter oportunidade de esclarecer, onde estavam essas tropas, cadê esse efetivo_”, destacou.

Durante a oitiva, Fernando Sousa reforçou – assim como fez em depoimento para a Polícia Federal – não ter havido omissão de Ibaneis Rocha (MDB) para evitar a invasão dos prédios públicos.

Aos deputados, o ex-número 2 da Segurança Pública afirmou que o governador havia pedido quatro relatórios diários, a partir de sábado (7/1). “Eu compilava as informações com os comandos das tropas e repassava”.

Na tarde do domingo, quando os integrantes do ato deixaram o QG, segundo ele, tudo foi repassado de que estaria sob controle. “Eu mesmo passei na plataforma superior da Rodoviária e a Esplanada estava realmente vazia. Pouco tempo depois, soube que houve o rompimento da linha da PMDF, montada no início da Esplanada”.

Pouco depois disso, continuou o delegado federal, o governador determinou que fossem colodas todas as tropas nas ruas e que prendessem os criminosos. “A ordem foi dada, mas o reforço da PMDF demorou a chegar_”, detalhou.

Fernando Sousa afirmou ser nascido em Brasília e ter perfil técnico. Por causa das características, diz ter ficado tranquilo com as informações recebidas, principalmente por reconhecer a capacidade e eficiência da Polícia Militar do DF, principalmente pelo êxito de operações como a do 7 de Setembro e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

**Adiamento**

A CPI começou os trabalhos por volta das 10h desta quinta-feira e **esperava, também, ouvir Marília Ferreira Alencar**, ex-subsecretária de Inteligência da Segurança Pública. Ela afirmou à PF que tinha conhecimento de riscos de invasão durante os atos do dia 8 de janeiro. O depoimento dela foi remarcado para a semana que vem.

**Na próxima semana, da mesma forma, é esperado o depoimento de Anderson Torres**, que era o secretário de Segurança durante os atos de vandalismo.

Na quarta-feira (1º), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve a prisão cautelar de Torres, que tentou reverter a decisão que o deteve no dia 14 de janeiro, após seu retorno ao Brasil dos Estados Unidos.

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