O aprofundamento das relações entre Brasil e Grécia marcou a primeira visita oficial ao Brasil de um chanceler grego, em um século de relacionamento diplomático entre os dois países.
Em encontro de trabalho, no Palácio do Itamaraty, na última segunda-feira (6), o ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Nikolaos Dendias, assinaram um memorando de entendimento sobre cooperação em turismo para facilitar a troca de informações nas áreas de ecoturismo, turismo cultural e gastronômico.
Os dois países firmaram acordo também no segmento de serviços aéreos, com o objetivo de dar impulso ao fluxo de negócios entre as duas nações.
Por fim, os representantes firmaram o Acordo-Quadro de Cooperação em Defesa. Sobre o tema, o ministro Mauro Vieira destacou que a iniciativa “_alçará a troca de experiência e intercâmbio econômico-comercial a outro patamar_”.
Segundo Vieira, o governo brasileiro tem interesse em continuar a desenvolver a cooperação no campo da defesa com a Grécia, favorecida por uma “_visão do mundo compatível entre os dois países_”. O ministro brasileiro mencionou ainda a parceria na compra das aeronaves C-390, que representou um marco no relacionamento bilateral.
Os dois países discutiram também perspectivas do acordo entre Mercosul e União Europeia. “_O Brasil está interessado na conclusão do acordo, mas estamos, atualmente, avaliando os termos negociados entre ambos os blocos, para assegurar que o acordo seja equilibrado e com perspectiva de ganhos reais para ambas as partes_”, afirmou Vieira.
No aspecto ambiental, os chanceleres trataram dos impactos da mudança do clima. Vieira marcou a posição do Brasil pelo fim do desmatamento ilegal e o cumprimento das metas voluntariamente assumidas pelo país no âmbito do Acordo de Paris, adotado em 2015. Mauro Vieira recordou a proposição de candidatura da cidade de Belém para sediar a 30ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-30), em 2025.
No encontro desta manhã, Vieira revelou ao colega grego as prioridades do Brasil no biênio 2022/2023, quando o país voltou a participar pela 13ª vez, nas Nações Unidas, de debates e decisões sobre segurança e manutenção da paz.
Sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, que neste mês completa um ano, houve reforço da posição brasileira sobre a Ucrânia. Segundo Vieira, deve ser observada “_a importância de uma solução negociada em que as preocupações entre os atores envolvidos sejam levadas em consideração, bem como a necessidade de preservação da integridade territorial e independência da Ucrânia_”, com o relevante papel das Nações Unidas, “_como instrumento crítico para fomentar o diálogo e a resolução pacífica de disputas_”.
O ministro destacou que é prioridade o “_estabelecimento de um cessar-fogo sem condições prévias para pôr fim à guerra_”, visto que o Brasil tem grande preocupação com a perda de vidas humanas, danos materiais, sanções e consequências às regiões mais vulneráveis.
Os dois chanceleres ainda conversaram sobre apoio mútuo a candidaturas a organismos multilaterais, como o de assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), como faz agora o Brasil, em apoio à intenção da Grécia em integrar o grupo, no biênio 2025/2026.
O ministro Nikolaos Dendias revelou que o Brasil é a primeira parada em sua viagem à América Latina neste ano, e que, com a assinatura do memorando de entendimento, representa a inauguração de uma nova era nas relações bilaterais. Para Dendias, este foi o momento de discutir formas de aumentar a cooperação econômica e cultural e também em organizações internacionais.
“_Concordamos que temos que retomar as nossas consultas bilaterais de forma mais ampla, mais costumeira, aumentando as nossas relações econômicas e diplomáticas com o Brasil, que é a maior economia desta região e é uma das prioridades econômicas do nosso governo_”, finalizou o chanceler grego.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a corrente comercial Brasil-Grécia registrou aumento de 27,3% em 2022, alcançando o volume de US$ 406,1 milhões.