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Lula vai a Roraima para avaliar crise de saúde dos Yanomami

Governo declarou emergência em saúde pública de importância nacional. Mais de 570 crianças do povo Yanomami morreram de doenças evitáveis nos últimos anos

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega, na manhã deste sábado (21) a Boa Vista, capital de Roraima, para visitar o hospital indígena e a Casa de Apoio à Saúde Indígena. Com a viagem, **Lula quer ver de perto a situação dos Yanomami, povo que vive uma crise sanitária que já resultou na morte de 570 crianças por desnutrição e causas evitáveis, nos últimos anos**.

O Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami. Uma portaria, assinada pela ministra Nísia Trindade, foi publicada na sexta-feira (20), em edição extra do Diário Oficial da União.

“_Somaremos esforços na garantia da vida e superação dessa crise_”, escreveu Lula em suas redes sociais, antes de embarcar para Roraima.

De acordo com a portaria, um centro de operações foi implantado para coordenar uma resposta rápida ao cenário de emergência identificado no território Yanomami. Desde o início da semana, técnicos do Ministério da Saúde estão na terra indígena, onde habitam 30,4 mil pessoas, para fazer um diagnóstico das condições de vida da população local.

A proposta é fazer um levantamento da situação, identificar as demandas dos povos originários da região e estabelecer ações efetivas.

Na noite de sexta-feira, Lula instituiu o **Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami**. O objetivo do grupo é discutir as medidas a serem adotadas e auxiliar na articulação interpoderes e interfederativa.

Fazem parte a Casa Civil da Presidência da República, que coordenará o comitê, e os ministério dos Povos Indígenas; da Saúde; da Defesa; da Justiça e Segurança Pública; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; e da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Os trabalhos têm prazo de 90 dias, podendo ser prorrogados.

“_O povo Yanomami não mais será desamparado pelo Estado brasileiro_”, escreveu, nas redes sociais, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ao anunciar a instituição do comitê. Ela e outros ministros integram a comitiva do presidente Lula a Roraima.

A terra indígena Yanomami é a maior do país, em extensão territorial, e sofre com a invasão de garimpeiros, cujas atividades de garimpo em terras indígenas cresceram 495% entre 2010 e 2020.

No ano passado, Júnior Hekurari, líder indígena, relatou que pessoas da comunidade foram assassinadas em meio a esses confrontos.

A Polícia Federal, na época, não confirmou as mortes. Também em 2022, de acordo com o líder indígena, uma menina ianomâmi de 12 anos chegou a ser estuprada até a morte por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na área de Waikás.